Alta do diesel impulsiona Petrobras

Os aumentos de 10,4% do diesel este ano e de 6,6% da gasolina terão impacto direto no caixa da Petrobras e foram vistos pelo mercado como uma mudança no jogo entre a estatal e o governo, o que provocou uma reação na Bolsa. A demonstração de quão boa foi a notícia para a estatal pode ser vista nas ações, que fecharam com alta de 15,15% (as ON tiveram a maior alta do papel desde 1999) e 9,10% (PN), cotadas a R$ 16,41 e R$ 18,05, respectivamente. Apesar do alívio imediato e da esperança de que possam vir outros reajustes, a Petrobras ainda continua sendo forçada a vender combustíveis com subsídio. Pelos cálculos do Itaú BBA, ainda existe defasagem de 10% no diesel e de 15% na gasolina, acrescentando-se a ambos mais 10% provocados pelos custos de importação. Já o Credit Suisse calcula que a defasagem ainda seja de 15% nos dois combustíveis. As estimativas são parecidas com as do Deutsche Bank, que estima 15% para o diesel e 16% para a gasolina, incluídos custos de importação. Com o reajuste, os analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes, do Itaú BBA, reduziram de R$ 6,2 bilhões para R$ 5 bilhões a projeção de prejuízo da Petrobras com a importação de combustíveis somente este ano. No ano passado, essa política causou prejuízo de R$ 5,8 bilhões, calculam os analistas. Mas a Petrobras ainda enfrenta problemas com a política de preços no momento em que precisa gerar caixa para executar seu bilionário programa de investimentos, de R$ 97,75 bilhões (cerca de US$ 50 bilhões) em 2013. Em relatório com o sugestivo título "Nunca diga nunca" o Credit Suisse observou que as vendas de diesel em 2013 podem chegar a 1 milhão de barris/ dia este ano (ante os 937 mil barris/ dia de 2012) se o mercado continuar crescendo 6% ao ano. E considerando que cada 5% de aumento no diesel equivale a um aumento de US$ 5 por barril, os dois reajustes deste ano vão adicionar US$ 3,6 bilhões ao fluxo de caixa anualizado da companhia. Isso é significativo, destacam os analistas Emerson Leite, André Sobreira e Vinicius Canheu, considerando que o consenso do mercado é de que a Petrobras terá Ebitda de US$ 34 bilhões para um plano de investimentos de US$ 50 bilhões. O aumento demonstra força da presidente da Petrobras, Graça Foster, que obteve quatro aumentos de preço do diesel e dois da gasolina no primeiro ano da sua gestão. Antes dela, a Petrobras tinha obtido aumentos de 2% em janeiro de 2011 e de 15% em maio de 2008, todos abatidos da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), sem efeito nas bombas de combustíveis. A surpresa foi positiva porque a avaliação de grande parte dos analistas era que depois de seis aumentos dos combustíveis o governo iria conter os preços para controlar a inflação ao longo de 2013. Como 2014 é ano de eleições, o temor era de que os preços fossem contidos até lá, por quase dois anos. Marcus Sequeira, do Deutsche Bank, observa que as forças por trás do aumento ainda são desconhecidas, apesar da necessidade dele, e se pergunta se a política pode estar jogando a favor da Petrobras nesse momento. "Como mencionamos anteriormente, nossa esperança é que o governo, com medo da publicidade negativa em torno das questões financeiras da Petrobras, comece a mudar sua atitude para com a sociedade, de modo a evitar críticas durante a campanha presidencial", escreveu Sequeira. Além da queda de produção, atraso nas refinarias e prejuízos com a importação de derivados, outro "fantasma" que a Petrobras enfrenta hoje é o risco de seu endividamento superar os limites impostos pela própria companhia no fim de 2013, o que poderia exigir nova capitalização, o que reduziria enormemente o valor da companhia. Como fator positivo para suas contas é o dinheiro que pode entrar no caixa se a Petrobras conseguir levar adiante seu programa de venda de ativos no Brasil e no exterior. Além da queda de produção, atraso nas refinarias e prejuízos com a importação de derivados, outro "fantasma" que a Petrobras enfrenta hoje é o risco de seu endividamento superar os limites impostos pela própria companhia no fim de 2013, o que poderia exigir nova capitalização, o que reduziria enormemente o valor da companhia. Outro fator positivo para o caixa é o dinheiro que pode entrar se a Petrobras conseguir levar adiante seu programa de venda de ativos no Brasil e no exterior. (Cláudia Schüffner)