Apesar de enchentes, chuvas decepcionam o setor elétrico

Apesar das enchentes verificadas em várias regiões, o país vai encerrar a temporada de chuvas de verão com nível de precipitação abaixo do esperado para o bom funcionamento do sistema de geração hidrelétrico. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) revisou para baixo a previsão do nível dos reservatórios das usinas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste para o fim de março, de 54,2% para 52%. Nessas duas regiões, que concentram 70% da capacidade de armazenamento de água do país, choveu em março apenas 81% da média histórica - a previsão do ONS era de 89% -, o que reduziu o volume que entrou nos lagos das usinas em relação ao estimado no início do mês. Diante do cenário desfavorável, não há nenhuma indicação de que as autoridades do setor elétrico determinem o desligamento das usinas termelétricas em curto prazo. Elas estão gerando hoje 15.200 megawatts (MW), o equivalente a um quarto do consumo do sistema. Sua manutenção em funcionamento pode garantir que o país não correrá risco de racionamento até 2014. A meteorologista Patrícia Madeira, da Climatempo, disse que apesar da sensação geral de que as chuvas foram abundantes em fevereiro e março, seu nível foi inferior à média histórica para o período no Sudeste. Além disso, as chuvas nesses dois meses concentraram-se na parte leste dessa região, principalmente no litoral. Por isso, não irrigaram com maior intensidade as bacias hidrográficas. Neste verão, que termina amanhã, praticamente não houve o fenômeno climático conhecido como "zona de convergência do Atlântico Sul", que cria uma faixa de instabilidade com chuvas contínuas e concentradas sobre os reservatórios das usinas hidrelétricas. O que houve foram mais pancadas fortes e isoladas. Segundo o ONS, a previsão de energia natural afluente para a bacia do rio Paranaíba, uma das principais do Sudeste/Centro-Oeste, foi revista de 80% para 61% da média histórica em março. De dezembro de 2012 até março, também têm se verificado vazões afluentes significativamente desfavoráveis nas regiões Nordeste e Norte do país. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Chuvas ficam abaixo da média e ONS reduz previsão para reservatórios O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) reduziu a previsão do nível dos reservatórios das hidrelétricas do subsistema Sudeste-Centro-Oeste para o fim de março, de 54,2% para 52%. O motivo é o menor volume de água que entrou nos lagos das usinas em relação ao estimado no início do mês. Diante do cenário desfavorável, não há qualquer indicação pelo governo de desligar as termelétricas a óleo combustível e diesel em curto prazo. Já as usinas a gás natural deverão operar continuamente até novembro. Todas as térmicas estão gerando hoje 15.200 megawatts (MW), o equivalente a um quarto do consumo do sistema hoje. Em relatório semanal da operação, o ONS informou que a expectativa de energia natural afluente (basicamente o volume de água que é transformado em energia) para o Sudeste-Centro-Oeste, que concentra 70% da capacidade de armazenamento do país, é de 81% da média histórica para março. No início do mês, a previsão do ONS era alcançar 89% da média histórica para o subsistema. Segundo a meteorologista Patrícia Madeira, da Climatempo, além de o volume de chuvas em fevereiro e março ter sido inferior à média histórica para o período, no Sudeste, as chuvas nesses dois meses foram concentradas na parte leste da região, principalmente no litoral. Elas não ocorreram com maior intensidade nas bacias hidrográficas. Patrícia lembrou que neste verão, que termina na próxima quarta-feira, praticamente não houve o fenômeno climático chamado zona de convergência do Atlântico Sul, que cria uma faixa de instabilidade, com chuvas contínuas sobre os reservatórios. "Neste verão, houve muito mais pancadas isoladas do que chuvas contínuas e concentradas", disse. Segundo o ONS, a previsão de energia natural afluente para a bacia do rio Paranaíba, uma das principais do Sudeste-Centro-Oeste, foi revista 80% para 61% da média histórica para março. "No período de dezembro de 2012 a março de 2013, têm se verificado vazões afluentes significativamente desfavoráveis nas regiões Sudeste, Nordeste e Norte, concomitantemente", informou o ONS no relatório. De acordo com o operador, a energia natural afluente para o Sudeste no período é a décima-quarta pior em 82 anos. No Nordeste e Norte, foram a terceira e a vigésima pior, respectivamente. Em média, o período de dezembro a março concentra mais de 50% de toda a "energia armazenável" que entra nos reservatórios e resta apenas pouco mais de um mês para terminar o período úmido, sendo que abril já é um mês historicamente mais fraco. "Estamos saindo do período chuvoso e 'devendo' chuva", disse Patrícia. Outro ponto que também influencia o desempenho dos reservatórios é o consumo de energia. O ONS prevê que a demanda em março, alcance 65,7 mil MW médios, com alta de 4% em relação a igual período do ano passado. No início do mês, a previsão do operador era de uma alta de 3,2%, para 65 mil MW médios. Na mesma comparação, o consumo de energia no Sudeste-Centro-Oeste deverá crescer 3,6%, para 40.286 MW médios. A previsão anterior era de alta de 2,3%. No Nordeste, o ONS prevê crescimento de 10,8%, na comparação com março de 2012, totalizando consumo de 10.160 MW médios. A expectativa anterior era de uma alta de 7%. O motivo do crescimento expressivo previsto é o desempenho da atividade econômica e as temperaturas elevadas na região. As hidrelétricas do Nordeste, porém, registram o pior nível de armazenamento do país, atualmente em 42%. Em seu relatório semanal, o ONS reviu para cima o volume de acumulação dos lagos das usinas da região, de 41,1% para 42,3%, ao fim de março. O ONS também elevou a estimativa de estoque dos reservatórios da região Sul, de 48,4% para 50,6%. As hidrelétricas da região estão com nível de energia guardada nos reservatórios de 49,2%. No Norte, a projeção de armazenamento foi reduzida de 97,7% para 93,2%. As usinas da região estão com volume de estoque de água de 88,2%. (Rodrigo Polito)