Biomassa trará competitividade ao leilão A-5

Certame poderia estar ameaçado de ficar restrito apenas às hidrelétricas e térmicas a carvão. A perspectiva de ter mais projetos cadastrados para o leilão A-5, marcado para o dia 29 de agosto, e a pouca concorrência entre os produtos térmicos foram os principais motivos que levaram o governo federal a adiar o prazo de credenciamento de projetos. De acordo com o que o cenário anterior à decisão do Ministério de Minas e Energia, o que se desenhava era a predominância dos projetos a carvão que não deveriam ter problemas para suplantar a concorrência de usinas a gás natural. De acordo com o secretário de Energia do estado de São Paulo, José Aníbal, partiu do governo local a iniciativa de pedir o adiamento do prazo para que mais usinas a biomassa pudessem participar desse leilão. "O governo conversou com os investidores e devemos aproveitar a oportunicade desse próximo leilão e colocar pelo menos 1 mil MW de capacidade instalada" disse Aníbal. "A prorrogação de prazo para o dia 8 de julho é suficiente para completarmos a iniciativa de apresentação de propostas", acrescentou o executivo após sua apresentação no Ethanol Summit 2013, realizado em São Paulo. O presidente da Empresa de Pequisa Energética, Maurício Tolmasquim admite que a prorrogação do prazo vem na esteira de existir mais competição no principal leilão de energia nova. Segundo ele, a biomassa é uma fonte importante e quanto mais oferta tiver no leilão, melhor para o consumidor porque a concorrência será maior. "É melhor no momento que se acenou com mais oferta, melhor porque teremos mais competição. Além disso, com mais projetos conseguimos evitar que somente uma fonte e poucos investidores terminem dominando a disputa. (...) fica um leilão melhor e mais competitivo", afirmou Tolmasquim. Contudo, o presidente da EPE alerta que a fonte precisa se preocupar com a geração física propriamente dita. Ele alertou o setor que uma parte das usinas, segundo dados de 2011, não tem conseguido entregar a garantia física das centrais e, há ainda outras usinas que não conseguem nem mesmo entregar a energia contratada. "O fornecimento pode sim apresentar algumas variações, isso é normal, mas são normais mas gerar pouco em três anos acumulados faz com que deixe de ser um elemento de contribuição para ser um elemento de risco", destacou o presidente da EPE que lembrou ainda que cerca de um terço das usinas com contratos comercializados não entregaram 10% da sua garantia física. Aníbal reconhece que há esse problema e que ele pode ser ocasionado por diversas situações, desde as dificuldades originadas por questões financeiras das usinas do setor sucroenergético até mesmo pela idade de equipamentos existentes e que não proporcionariam um volume de energia suficiente. A questão concorrencial do A-5 preocupa Tolmasquim ao passo que o leilão está se delineando como uma disputa entre o carvão e a biomassa. Segundo ele, com o preço do gás mais alto a polarização entre as duas fontes seria inevitável. Essa preocupação foi notada entre agentes do setor durante o evento onde se as condições continuassem com poucas centrais a biomassa levaria a um certo esvaziamento do certame uma vez que além das hidrelétricas que deverão ser incluídas contariam com a participação efeitva de apenas dois projetos térmicos a carvão, ambos de empresas do empresário Eike Batista. Nem mesmo a Eletrobras, que no início do ano mostrou-se otimista com o leilão na Região Sul do país conseguiria atender os prazos para a construção das centrais que promete ter naquela área do país. (Maurício Godoi)