BNDES prevê mais crédito para setor elétrico

A queda de 26% do volume de desembolsos e de 81% do total de aprovações de financiamentos no primeiro bimestre de 2013, em relação a igual período do ano passado, não mudou a expectativa otimista do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o setor elétrico este ano. A previsão do banco é desembolsar R$ 17,5 bilhões em 2013, montante 1,7% superior ao total liberado em 2012. Também estão previstos R$ 18,5 bilhões para 2014 e R$ 19,9 bilhões para 2015. "Em relação ao início do ano, o número caiu, mais isso se deve ao cronograma das obras. É uma coisa bem circunstancial. A previsão para o ano é maior do que o ano passado", afirmou a chefe do departamento de energia elétrica do BNDES, Márcia Leal, em entrevista ao Valor. Os desembolsos serão puxados pelos grandes empreendimentos hidrelétricos, principalmente Belo Monte, cujo empréstimo de R$ 22,5 bilhões - o maior da história do banco - foi aprovado em novembro. Em número de projetos, os setores com a maior participação são o de energia eólica, transmissão e distribuição. Dentro da atual carteira de projetos financiados pelo banco aparecem 13 hidrelétricas, com valor total de apoio de R$ 49,6 bilhões. Os parques eólicos participam com 44 projetos, somando R$ 15 bilhões em financiamentos. O segmento de distribuição totaliza 45 projetos financiados (R$ 15,3 bilhões), e a área de transmissão tem 56 projetos, com R$ 13,8 bilhões. Segundo Márcia, o processo de prorrogação das concessões e a falta de leilões expressivos em energia em 2012 não afetaram o ritmo de aprovações e desembolsos do banco para o setor. "O crescimento da demanda continua. Pode haver pequenas 'barrigas' entre um ano e outro, mas é sempre num sentido ascendente. O país ainda está em crescimento de demanda e de intensidade energética também.", Com relação à prorrogação das concessões, Márcia disse que o processo não interfere nos financiamentos, porque os projetos que tiveram as concessões renovadas estão quase amortizados e os novos projetos não sofreram impactos da Lei 12.783. O que pode haver, segundo a diretora, é uma mudança de investidores nos futuros leilões, o que ainda não ocorreu. Márcia afirmou que, neste ano, o BNDES vai estimular as empresas e o mercado de capitais a fecharem operações na nova modalidade de debêntures de infraestrutura, com isenção de recolhimento de Imposto de Renda. "Quando estamos estruturando a operação de financiamento, já apresentamos essa possibilidade para a empresa." Uma das medidas de estímulo é o compartilhamento de garantias entre o BNDES e os compradores dos títulos. Além disso, a participação do banco funciona como uma espécie de "selo" de qualidade para as emissões dessas debêntures. As debêntures de infraestrutura poderão cobrir entre 10% e 20% do valor total do investimento. O banco não vai reduzir sua participação no financiamento tradicional, geralmente feito por "project finance" (modalidade em que o fluxo de caixa do projeto serve de garantia para a liberação do crédito), que responde por 70% a 80% do valor total do investimento. "Entramos compartilhando as garantias. E eventualmente, se for o caso, a gente entra comprando as debêntures, na lógica de mercado de capitais", afirmou Márcia. As primeiras emissões de debêntures de infraestrutura do setor elétrico ocorreram no ano passado. A operação mais expressiva aconteceu no início deste ano, quando a Santo Antônio Energia emitiu R$ 420 milhões. Uma das emissões mais esperadas é a das debêntures de Belo Monte. O consórcio Norte Energia, dono do empreendimento, estuda a operação. (Rodrigo Polito)