Brasil Solair vai fabricar painel solar na Paraíba

A Brasil Solair, empresa criada em 2009 pelo engenheiro dono de térmicas emergenciais na época do racionamento e fundador da Brasil Ecodiesel, Nelson da Silveira, planeja inaugurar até o fim do ano uma fábrica de painéis solares, em João Pessoa, na Paraíba. O investimento previsto é de R$ 20 milhões. A unidade, que também fabricará inversores, células fotovoltaicas e aerogeradores de pequeno porte, terá capacidade para produzir 300 mil painéis, com potência total de geração de energia de 60 megawatts (MW), por ano. Para alguns componentes, como os inversores, a companhia vai atingir índice de nacionalização de 80%. A fábrica deve gerar 80 empregos diretos. Segundo Silveira, a unidade será a segunda fábrica de painéis solares do Brasil. O grupo Tecnometal já tem produção no país. Com o aumento do ritmo dos negócios e a perspectiva de novas oportunidades para o mercado de energia solar, a empresa está de mudança, do seu pequeno escritório no bairro do Leblon, para uma área maior no centro do Rio de Janeiro. A localização também favorece pela proximidade com as bases de grandes elétricas, como Eletrobras, Eneva (ex-MPX) e GDF-Suez, entre outros. O presidente da Brasil Solair acredita que há espaço para contratação de projetos de fonte solar em leilões de geração, principalmente quando se compara esse tipo de energia com as térmicas a óleo combustível e diesel. Segundo ele, uma térmica a óleo combustível nova, que entrou em funcionamento este ano, tem custo de operação de R$ 1,8 mil por megawatt-hora (MWh), valor muito superior ao de um projeto de energia solar. "Existe uma lógica para se contratar energia solar no Brasil", diz o executivo. Silveira defende a realização de leilões específicos para projetos de energia solar, a exemplo do que foi feito com a fonte eólica em algumas oportunidades. Ele admite que hoje é muito difícil competir com parques eólicos nos leilões de geração, apesar de o custo da célula fotovoltaica no mundo ter caído cerca de 75% nos últimos sete anos. Portaria publicada ontem pelo Ministério de Minas e Energia, no entanto, determinou que empreendimentos de fontes eólica e solar e termelétricas a biomassa e gás natural disputarão os mesmos contratos de fornecimento de energia, com prazo de 20 anos, no leilão do tipo "A-3" (com início de entrega de energia em 2016), marcado para 18 de novembro. Já as hidrelétricas terão contratos específicos, com período de suprimento de 30 anos. Outra linha de investimentos da Brasil Solair é a microgeração distribuída. A empresa concluiu recentemente a instalação de painéis solares em casas de dois condomínios do programa "Minha Casa, Minha Vida", do governo federal. Com investimentos de R$ 7 milhões (R$ 1 milhão da Brasil Solair e R$ 6 milhões da Caixa Econômica Federal), foram instalados painéis com capacidade total de 2,1 megawatts (MW). O projeto também incluiu a capacitação de mão-de-obra local para instalar e realizar a manutenção dos equipamentos. "Existe uma coincidência em que a região de maior insolação do país é também a de maior pobreza. O que antes gerava um passivo social pode ser fator de geração de renda", diz o executivo. "Podemos quebrar alguns paradigmas e incluir o trabalho social no ativo e não no passivo", completou ele. (Rodrigo Polito)