Capacidade de regularização do SIN pode ser de dois meses em 2021, aponta Firjan

Entidade ressaltou a importância do debate entre autoridades do setor e a sociedade sobre a escolha por usinas a fio d'água. A Firjan está preocupada com a capacidade de regularização do setor elétrico brasileiro, visto que o país só está construindo usinas a fio d'água. A entidade divulgou a nota técnica "Expansão das Usinas a Fio d'Água e o Declínio da Capacidade de Regularização do Sistema Elétrico Brasileiro", que mostra que a capacidade de regularização em 2021 pode girar em torno de dois meses. De acordo com a Firjan, em 2001, por exemplo, a capacidade de regularização do SIN era de 6,27 meses, o que significa que os reservatórios, se completamente cheios, possuiriam energia armazenada sob a forma de água capaz de atender à demanda do SIN, sem a necessidade de geração complementar a partir de outras fontes, por esse período. Já em 2012, ainda segundo a entidade, a capacidade de regularização do sistema havia contraído para 4,91 meses, uma queda de um quarto em relação ao verificado onze anos antes. Com a demanda crescente, se a opção continuar sendo pelas usinas a fio d'água, a estimativa é que em 2021 a regularização do sistema atingirá 3,35 meses, o que representa uma queda de 32% em relação a 2012 e de 50% frente a 2001. No entanto, o estudo da Firjan foi além e calculou o nível médio de armazenamento dos reservatórios entre 2001 e 2012 e chegou a 63,8%. O menor nível observado foi de 23,2% - em setembro de 2001 - e o maior de 88,8% - em abril de 2011, sendo que em nenhum momento ele chegou a 100%. "Considerando a demanda média de energia em cada ano e a média do nível dos reservatórios de 63,8%, tem-se que a capacidade de regularização média efetivamente observada passou de 3,99 meses em 2001 para 3,13 meses em 2012, estando prevista para atingir 2,14 meses em 2021 caso essa média se mantenha", apontou o estudo. O documento ressalta ainda que mesmo que os reservatórios venham a estar no maior nível observado nos últimos doze anos, ou seja, de 88,8%, a capacidade de regularização efetiva seria de apenas 2,98 meses. "A opção por usinas a fio d'água, combinado com as características geográficas e hidrográficas da região Norte do país, onde elas estão concentradas, levará a construção de usinas com menor fator de capacidade e à diminuição da regularização dos reservatórios", explica o presidente do Conselho de Energia da Firjan, Armando Guedes. "Isso significa antecipar a intensificação da inserção de termelétricas na base de geração, o que afetará os custos de geração, a qualidade ambiental de nossa matriz e nossa segurança energética", ressaltou Guedes. A Firjan ressaltou ainda a importância do debate entre as autoridades do setor elétrico e do meio ambiente com a sociedade sobre as consequências das escolhas que estão sendo feitas hoje na matriz elétrica brasileira, baseada em usinas a fio d'água. "Esperamos um equilíbrio adequado entre proteção ambiental, preço e segurança energética condizente com o desenvolvimento socioeconômico presente e esperado para o futuro do país", concluiu Guedes. (Carolina Medeiros)