Carvão tem espaço na matriz elétrica brasileira, dizem empreendedores

Câmara debateu papel da fonte no país em audiência pública na última quarta-feira, 9. Atentos ao segundo leilão A-5 de 2013, marcado para 13 de dezembro, parlamentares, representantes do setor de carvão e geradores reforçaram a cobrança por incentivos que tornem a fonte mais competitiva para o certame, durante audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara. O presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral, Fernando Zancan, reconheceu os esforços do governo para garantir a participação da fonte no certame, e assegurou que existe espaço para incluir termelétricas a carvão na matriz elétrica brasileira, sem afetar as metas da politica de redução de emissões. "Temos um crédito ambiental e continuaremos com esse crédito lá em 2035", afirmou. O executivo citou exemplos de experiências no mundo com a produção de energia mais limpa a partir do carvão, e acrescentou que no Brasil o planejamento não pode ser pensado "em cima de emergências." Zancan admitiu que o setor não conseguiu vender energia no leilão realizado em agosto por causa do preço-teto, mas essa é uma questão em discussão com o Ministério de Minas e Energia que ele espera ver superada até dezembro. A questão também foi tratada pelo presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica, Luiz Fernando Vianna. Ele observou que existe a necessidade de acréscimo a cada ano de 2,8 mil MW médios de geração na matriz. Para atender demanda, é necessário usar todos os tipos de fonte e, nesse quesito, o carvão mineral é apropriado para a geração elétrica, além de ter diversos atributos dentro de uma cadeia que vai da mina a instalações industriais como fábricas de cimento. Vianna disse que o Brasil assumiu metas de redução de emissões de gases de efeito estufa e o plano decenal da Empresa de Pesquisa Energética passou a ser um vetor pelo qual o setor faria essa redução. Para o executivo da Apine, a dose de sacrifício imposto ao país pelo plano de mudanças climáticas foi excessivo, e o setor eletrico, que responde por 1,5% do total das emissões do pais, arca com mais de 18% da meta prevista. O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Hermes Chipp, destacou a crescente perda de regularização dos reservatórios das usinas hidrelétricas por restrições ambientais, mas também pelas caracteristicas da região amazônica, onde estão concentrados os ultimos potenciais."Se não construímos com reservatórios e perdemos regularização, temos de complementar com geração térmica", afirmou Chipp. O executivo destacou que a capacidade de guardar água nos reservatórios tem sido reduzida gradativamente e falou da necessidade de geração térmica no Sul, que tem risco hidrológico diferenciado. Ele também disse que a qualidade do carvão extraído na região está na média da produção mundial. (Sueli Montenegro)