Chinesa Yingli aposta na expansão da área solar no país

Uma das maiores fornecedoras de painéis solares do mundo, a chinesa Yingli Solar abriu um escritório em São Paulo, em março, e planeja abocanhar pelo menos uma fatia de 20% dos cerca de 30 megawatts (MW) de geração solar que a companhia prevê que sejam instalados no país até dezembro. Cálculos da Yingli apontam que, em 2012, foram instalados entre 10 MW e 15 MW de painéis do tipo no Brasil. Com faturamento global de US$ 1,82 bilhão no ano passado, a empresa chegou ao Brasil como patrocinadora da Copa do Mundo de 2014 e fornecedora dos painéis solares no Estádio do Maracanã, no Rio. A companhia tem capital aberto em Nova York e acumula entregas de mais de 6 gigawatts em placas fotovoltaicas em todo o mundo. Jeffrey Barnett, vice-presidente de vendas internacionais da Yingli Solar, disse ao Valor que a empresa quer participar da construção de um cenário mais propício para o desenvolvimento da matriz em países latino americanos. O executivo é responsável pelas áreas de vendas e operações da empresa na América Latina e Caribe. San Jose, na Costa Rica, e Cidade do México também receberam escritórios. Entretanto, Barnett admite que os preços para a geração solar ainda são muito altos no Brasil e que a demanda não justifica a instalação de fábricas. "No atual momento é mais competitivo importar", disse o executivo. Hoje, as quatro fábricas da Yingli ficam na China e, juntas, têm capacidade para produzir 2,45 gigawatts por ano. Markus Vlasits, diretor da companhia chinesa no Brasil, disse acreditar em um cenário mais favorável para a matriz no curto prazo. "A empresa veio tanto para o Brasil como para os demais países da região relativamente cedo", afirmou. A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) calcula que, até o fim de 2012, o Brasil tinha capacidade instalada solar fotovoltaica conectada à rede de distribuição de 3,5 MW. Nesse número, a entidade inclui os projetos da MPX Energia, empresa criada pelo empresário Eike Batista e atualmente com a alemão E.ON como maior acionista, e da CPFL Energia (Camargo Corrêa, Previ e outros fundos de pensão), cada uma com cerca de 1 MW de potência. Além disso, tem de 20 MW a 30 MW de capacidade instalada em projetos isolados do Sistema Interligado Nacional (SIN), que têm custo mais elevado. Vlasits destacou que vê empresas do setor calcularem preços médios para a instalação completa de sistemas de geração solar no país com custos entre R$ 8 e R$ 10 por watt. "Esses são valores extremamente altos e, com eles, a energia ficaria inviável". Com base no atual crescimento da demanda, a Yingli aposta em custos mais baixos, podendo chegar a R$ 3,50 a R$ 4,00 por watt em um horizonte próximo, incluindo impostos de importação de equipamentos. Vlasits destacou que na Europa é possível construir sistemas fotovoltaicos por € 1,95 por watt (R$ 5,88). "Temos clientes que trabalham para viabilizar sistemas comerciais de 20 MW/30 MW . Você só começa a viabilizar projetos deste tamanho se tiver preços competitivos", disse. Os painéis fotovoltaicos representam 50% do valor do sistema completo de geração solar. Vlasits comemorou a decisão do governo de incluir a matriz solar no leilão de energia A-3, para empreendimentos que serão entregues em três anos. A concorrência está marcada para outubro. "Estamos muito entusiasmados com este próximo leilão e ansiosos para ver os resultados". (Marta Nogueira)