Chipp volta a defender leilões regionais para garantir previsibilidade na geração

Chipp diz que país precisa de geração previsível mesmo com a perspectiva de redução da elasticidade entre a expansão da demanda comparado ao crescimento da economia. O diretor geral do Operador Nacional do Sisitema Elétrico, Hermes Chipp, voltou a defender a mudança no modelo de leilões no Brasil como forma de o país ter geração previsível. Entre as opções estão a realização de leilões regionais e por fonte como forma de compensa a queda da capacidade brasileira de regularizar a capacidade de geração por meio de hidrelétricas. Em sua apresentação durante o Fórum Cogen/ CanalEnergia Geração Distribuída e Cogeração de Energia, Chipp disse que o sistema elétrico brasileiro passa por um momento delicado. Ele lembrou que a crise energética vivida pelo país foi decorrente de dificuldades hídricas nas regiões Sul e Nordeste, enquanto o Sudeste/Centro-Oeste esteve com 96% da previsão média de afluência. "Tivemos térmicas gerando na base desde outubro de 2012 a maio deste ano em função da necessidade de transferência de energia entre as regiões", lembrou ele. "Não existe milagre, a carga vem crescendo, a elasticidade entre o PIB e consumo era de um para um e agora ficou em quatro para um, apesar de a revisão que preparamos para setembro em parceria com a EPE apontar para uma pequena redução, na casa de 3,5 para um", revelou Chipp. Chipp defende que o governo já deveria ter promovido os leilões regionais. Ele justificou essa posição ao lembrar que no leilão de 23 de agosto para Energia de Reserva exclusivo de eólicas é o reflexo desse desequilibrio, pois se o governo não fizesse isso, somente essa fonte seria vencedora, assim como ocorreu no A-5 de 2012, apesar do volume reduzido de contratação. Ele disse que a participação do carvão no próximo A-5, assim como a biomassa, tenham efeito como se fossem regionais, o carvão para o sul e a biomassa nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Assim, diz ele, esperamos que aconteça a geração previsível por entender que não podemos depender da intermitência de geração como temos agora com eólicas e dependentes de reservatórios sem a capacidade de regularização. Essa regionalização, disse Chipp, atenderia a áreas específicas e sem depender de linhas de transmissão longas como as que atravessam o país, reduzindo a chance de que ocorrar problemas com o escoamento, uma vez que a geração está próxima ao centro de consumo. "Deve ocorrer em breve os leilões regionais e vou continuar a trabalhar para que isso aconteça", afirmou ele durante o evento realizado em São Paulo. "A descentralização não está muito longe, pois o custo da energia pode aparentemente menor, mas está sem a transmissão" , apontou Chipp. (Maurício Godoi)