Cobrança de energia de térmica pode virar mensal

Aneel avalia antecipar repasse da eletricidade mais cara; distribuidoras pedem empréstimo emergencial. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) vai analisar a partir desta semana algumas possibilidades para aliviar o impacto do uso das térmicas sobre as empresas do setor de energia. Uma delas propõe antecipar para este ano a medida que prevê repasse, mês a mês, dos gastos da geração dessa energia mais cara e poluente para o consumidor. Hoje, esse acréscimo é repassado uma vez ao ano, no momento do reajuste tarifário, que é calculado pela Aneel para cada uma das 65 distribuidoras do país em uma data específica. Essa data é determinada pelo contrato de cada empresa. Como as distribuidoras têm que pagar pela energia mais cara, mas só têm suas receitas reajustadas anualmente, isso provoca problemas de caixa. Por isso, a Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee) vai propor amanhã um socorro financeiro de bilhões de reais ao governo. De acordo com a associação, a despesa com a compra de energia térmica custou R$ 1,564 bilhão em janeiro. Desde novembro, essa gasto já alcançou R$ 4,1 bilhões. Segundo Nelson Leite, presidente da Abradee, o gasto mensal supera toda a geração de caixa das distribuidoras brasileiras, de R$ 1,3 bilhão por mês. "Se é um valor pequeno, a distribuidora espera a data do reajuste. O problema é que essa conta está ficando muito cara." Uma das possibilidades, portanto, é antecipar o sistema de "bandeira tarifária", por meio do qual o consumidor saberia, todo mês, por meio de bandeiras nas cores verde, amarela e vermelha, se haveria aumento de custo da energia no mês seguinte. Isso permitiria que ele antecipasse a economia do consumo. A cobrança mensal viria apenas em 2014, mas pode ser antecipada para esse ano, quando estaria apenas em fase de testes. (Júlia Borba e Agnaldo Brito)