Compra do Grupo Rede poderá ser concluída até junho

A aquisição das distribuidoras de energia do grupo Rede pelo consórcio formado pela Equatorial e a CPFL deve ser concluída até junho, se tudo correr como o previsto, preveem fontes próximas as negociações. Hoje, os advogados do grupo vão apresentar ao juiz da 2ª Vara de Falência e Recuperações Judiciais de São Paulo o plano de reestruturação da companhia. As holdings da companhia entraram com pedido de recuperação judicial no fim do ano passado como parte do processo para a transferência do controle acionário do grupo. O Rede controla oito distribuidoras espalhadas pelo país e que estão sob intervenção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) desde setembro. Após a apresentação do plano de recuperação à Justiça, os credores terão um prazo de 60 dias para se manifestar sobre os termos propostos. O plano de recuperação precisará ser aprovado em assembleia pelos detentores dos títulos para ser implementado. Paralelamente, os compradores estão conversando com a Aneel, que também terá de dar o sinal verde para aquisição. Os credores já se preparam para travar uma queda de braço com a Equatorial e a CPFL para evitar deságios muito elevados no pagamento dos títulos. De acordo com uma fonte ouvida pelo Valor, um grupo de credores estrangeiros teme ter grandes prejuízos com a renegociação das dívidas do Rede. Segundo eles, isso já ocorreu com a Celpa, distribuidora de energia que também pertencia à companhia e que foi vendida para a Equatorial. Os credores externos argumentam que seria melhor se o Rede fosse levado à leilão, o que daria oportunidade para que outros interessados apresentassem suas propostas. Mas essa hipótese, na avaliação de um analista, não existe mais. O processo de venda para a Equatorial e a CPFL é irreversível. O acordo foi assinado no ano passado pelo controlador do grupo, Jorge Queiroz, que concedeu às duas empresas exclusividade nas negociações. Segundo um analista, é esperado que, nesta fase do processo, os credores façam pressão, na tentativa de conseguir um acordo mais favorável. No entanto, seria muito pior para os detentores dos títulos se a companhia não fosse vendida. No caso do grupo Rede, isso significaria, provavelmente, a falência. Em teleconferência com analistas de investimentos realizada ontem, o presidente da CPFL, Wilson Ferreira Júnior, afirmou que a aquisição das distribuidoras do grupo Rede na região Sudeste oferece sinergias para a companhia. A CPFL controla oito distribuidoras no interior de São Paulo. Segundo Ferreira, a empresa pretende crescer por meio de aquisições. (Cláudia Facchini)