Crédito solar diminui a conta de luz

Cariocas começam a investir em sistema integrado de energia. Gerar energia solar em casa já pode beneficiar até o vizinho. É que desde abril do ano passado, quando foi publicada a Resolução 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), é possível criar sistemas integrados de energia. No Rio, já são quatro as casas que aderiram ao sistema e "vendem" energia solar à Light: em Santa Teresa, São Conrado, Itanhangá e Recreio. Mas há outros seis pedidos à espera de aprovação da concessionária. Na prática, o que acontece não é exatamente uma venda, mas uma compensação. A casa produz a energia para consumo próprio, mas se houver excedente, essa energia é jogada na rede da Light e usada em casas próximas. Por essa distribuição, o microgerador ganha créditos na próxima conta de luz. E, se sua produção for sempre maior que seu consumo, ele pode usar esses créditos em outra conta, desde que esteja inscrita no mesmo CPF. - Instalei o sistema há cerca de um mês e ainda não recebi a primeira conta, mas meu consumo gira em torno dos 220 kwh ao mês e a minha produção mensal deve ser de 208 kwh. Vai ser uma economia significativa - diz a arquiteta Isabelle de Loys, a dona da casa do Recreio, que tem ainda telhas pintadas de branco, o que ajuda a diminuir a temperatura interna e, consequentemente, a economizar energia. SISTEMAS A PARTIR DOS R$ 8 MIL Para gerar essa energia, Isabelle instalou seis placas fotovoltaicas, que fazem a captação da luz solar. Mas o sistema inclui ainda um relógio de luz, que além de registrar o consumo, contabiliza a energia recebida, e um inversor, que faz o gerenciamento da energia solar excedente para a rede elétrica. E ele ainda permite o monitoramento diário da energia gerada através de um site que pode ser acessado por computador, celular ou tablet. O preço total do sistema usado pela arquiteta, que gera a energia normalmente usada por uma família de quatro pessoas, ficou em R$ 14.500, incluindo mão de obra de instalação. Mas há sistemas a partir dos R$ 8 mil, que geram cerca de 100 kwh. E, pela resolução da Aneel, podem ser criadas miniusinas de geração de até 1000 kwh, o que possibilitaria a instalação em prédios pequenos, por exemplo, ou em casas maiores. Foi esse o tamanho escolhido pelo economista André Nunes. Em sua casa, de 450 m², em São Conrado, há nada menos que 36 placas capazes de produzir energia para até cinco famílias. - A intenção é produzir mais que o nosso consumo, que é bem alto, já que todo mundo em casa gosta de ar condicionado bem gelado - conta. Bom para o consumidor, o sistema é benéfico também para as concessionárias. O grupo Light já tem empresas que oferecem o sistema. - Além disso, em lugares como o fim do Recreio, onde há problemas de tensão, por exemplo, essas miniusinas injetam energia melhorando a qualidade para toda a vizinhança e diminuindo, para a concessionária, a necessidade de investimentos naquela região - diz Hewerton Martins, CEO da Solar Energy, uma das empresas que fazem esse tipo de instalação. Passo a passo Como fazer a instalação em sua casa PROJETO. É preciso fazer um projeto do sistema que será instalado. Ele deve ser feito por um eletricista e levado a uma das agências da Light junto com um formulário de solicitação de geração de energia alternativa, disponível no site http://agenciavirtual.light.com.br (é preciso clicar na aba "Outros serviços" e depois em "Energia Alternativa: micro e minigeração de energia"). ANÁLISE. A empresa terá, então, até 30 dias para avaliar o projeto. Caso esteja dentro das normas técnicas, será dado um parecer de acesso. Caso algo esteja incorreto, a empresa dará as orientações do que deve ser mudado. INSTALAÇÃO. Com o projeto aprovado pela concessionária, é possível iniciar a instalação, que leva cerca de dois dias. VISTORIA. O passo seguinte é pedir uma vistoria à empresa para saber se a instalação foi feita corretamente. A empresa tem 30 dias para fazer a vistoria. E mais 15 para entregar o relatório apontando pendências. Com tudo solucionado, o sistema deve ser ligado em até sete dias. (Karine Tavares)