De olho no pré-sal, SKF também instala centro tecnológico no Rio

O grupo sueco SKF, um dos maiores produtores de rolamentos do mundo, escolheu o Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para construir um centro de inovação em serviços, voltado para o setor de óleo e gás. Será a 12ª empresa de grande porte a ocupar o parque, na Ilha do Fundão, onde estão empresas da área de petróleo como Petrobras, FMC, Halliburton e Schlumberger, GE e Vallourec. O gerente do segmento de óleo e gás da SKF na América Latina, Hamilton Porciúncula, disse ao Valor que o centro de pesquisas será o quarto da empresa com o mesmo perfil no mundo. E que agora só depende da definição do terreno e a assinatura do contrato. "De zero a dez, estamos no passo nove." Com investimento de R$ 4 milhões, abrigará inicialmente, dez pesquisadores. Os outros três centros da SKF com o mesmo perfil estão nos Estados Unidos, em Cingapura e na Escócia. Há outros dois em fase de implementação: na Arábia Saudita e na China. A expectativa de Porciuncula é iniciar as obras aqui ainda neste ano. A empresa, fornecedora de equipamentos para a industria automotiva no Brasil, quer expandir para a área de petróleo. O grupo investe em pesquisa cerca de 1,5%, ao ano, do faturamento global de US$ 9,9 bilhões. No Brasil, fatura cerca de R$ 800 milhões, com expectativa de chegar a R$ 1 bilhão até 2015. Somente os setores de petróleo, gás, energia e naval virão responder juntos no Brasil por R$ 50 milhões em 2015. Atualmente são R$ 12 milhões. Uma das possibilidades de terrenos para instalação da SKF está na Ilha de Bom Jesus, que pertence ao Exército. O secretário de desenvolvimento econômico do Estado do Rio, Julio Bueno, disse ao Valor que as negociações entre o Estado e os militares, que já ocorrem há quase dois anos, devem ser concluídas no fim do mês. "Demorou mais do que esperávamos, mas está andando", afirmou Bueno. A demora atrasou a instalação do centro de pesquisas da L´Oréal. Há um ano e meio, a empresa francesa anunciou investimentos de até R$ 100 milhões na planta. Procurada, informou que só irá se pronunciar após a assinatura do contrato. Vai utilizar terreno de 28 mil metros quadrados, avaliado em R$ 20,5 milhões. O Parque Tecnológico da UFRJ completa este ano dez anos. A área total é de 350 mil metros quadrados. O diretor-executivo da Rio Negócios, Marcelo Haddad, agência de atração de investimentos da cidade, disse que, até 2015, lá estarão 12 multinacionais com investimento superior a US$ 1 bilhão. Estão no parque seis laboratórios da Cordenação de Estudos de Pós-Graduação da UFRJ, 28 empresas, sendo 19 embrionárias, nove pequenas e médias, com três mil pesquisadores. Haddad avalia que o ambiente é o ideal para desenvolver cultura de inovação, que o país ainda precisa aprimorar. "Empresas brasileiras ainda não descobriram uma forma de conjugar os seus negócios com as universidades", afirmou. Segundo ele, o pioneirismo da Petrobras neste sentido estimulou a criação do parque ao construir o Cenpes, na década de 60. A GE deve terminar as obras de seu centro global de pesquisas no parque em 2014. O vice-presidente da área de pesquisas da GE mundial, Mark Little, informou que já sendo desenvolvidas soluções para a Petrobras reduzir o consumo de combustível e otimizar as viagens de helicóptero entre o continente e plataformas. Na semana passada, a GE levou finalistas do Prêmio Jovem Cientista (realizado pelo CNPq, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, a GE e a Gerdau), para intercâmbio cientifico. A diretora de RH do Centro de Pesquisas Global da GE, Jaqueline Tibau, disse que a proposta foi a troca de experiências entre estudantes e pesquisadores. Os finalistas visitaram as futuras instalações e as linhas de pesquisa em andamento: Bioenergia, Sistemas Inteligentes, Sistemas Submarinos e óleo e gás. O grupo francês Vallourec inaugurou nesta semana um centro de pesquisas no parque. Alexandre de Campos Lyra, diretor-geral da companhia, afirmou a previsão é de investir no país R$ 90 milhões em pesquisa e desenvolvimento, nos próximos cinco anos. Com receita mundial de € 5,3 bilhões, em 2012, a francesa investiu, no mesmo ano, € 93 milhões (cerca de R$ 260 milhões) em pesquisa e desenvolvimento. Lyra explicou que a companhia crescer na área de pesquisa, com foco na camada do pré-sal. Com previsão de entrar em operação em agosto, com cerca de 30 pesquisadores, terá como foco a realização de pesquisas voltadas para a extração de petróleo no pré-sal, além de projetos voltados para o desenvolvimento de produtos tubulares com fins estruturais, automobilísticos, de transportes e robótica. (Marta Nogueira)