Distribuidores pressionam por solução para gastos extras que já passam dos R$ 4 bi

Em série de reuniões com MME, Aneel e BNDES, concessionários querem compensar despacho de térmicas e subcontratação. As distribuidoras fizeram desta quinta-feira, 21 de fevereiro, o dia D para solucionar a pressão sobre os caixas, que, segundo dados da Abradee, já ultrapassam R$ 4 bilhões. Dispostos a obter solução rápida para o impacto de geração térmica e da subcontratação, dirigentes da associação e de algumas das principais empresas do segmento intensificaram a pressão sobre o governo e a Aneel através de uma série de reuniões, que acontecem hoje em Brasília. Pela manhã, presidentes de oito distribuidoras participaram de videoconferência com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para tratar do pedido de liberação de linha de crédito destinada a cobrir os gastos adicionais das empresas com energia desde outubro passado. Dos R$ 4 bilhões já gastos pelas empresas, R$ 1,5 bilhão foram contabilizados em janeiro, quando foram pagos, além dos despachos térmicos, a aquisição de 2 GW médios no mercado de curto prazo, que ficaram descontratados no mês passado. Depois da videoconferência, os distribuidores se reuniram com o diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner, após o encontro Nelson Fonseca Leite, presidente da Abradee, foi ao encontro do ministro Edison Lobão. Uma nova reunião, dessa vez com toda a diretoria da Aneel, está prevista para o fim da tarde desta quinta-feira. O presidente da Celesc, Cleverson Siewert, que participa das reuniões, disse que o objetivo do encontro é sensibilizar o governo para o nível de comprometimento financeiro e a esperança é que se tenha uma solução estrutural para o problema. A distribuidora catarinense foi a primeira a pedir uma revisão tarifária extraordinária à Aneel para compensar possível desequilíbrio econômico-financeiro provocado pelos gastos adicionais nos últimos meses. O pedido foi formalizado no dia 11 de janeiro deste ano. Segundo o executivo, as despesas adicionais da empresa somam cerca de R$ 450 milhões de maio de 2012 a abril deste ano, quando acontece o reajuste da concessionária. De maio a dezembro de 2012, a bolha financeira da empresa era de cerca de R$ 300 milhões. Ele disse que o montante total correspondente a 45% da parcela B da distribuidora. Siewert disse que a situação das empresas é complexa e salientou que existe preocupação com o comprometimento dos investimentos, tendo em vista os grandes eventos esportivos dos próximos três anos. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Cemig e Light calculam impacto do custo dos gastos extras no caixa. DME-D, de Poços de Caldas, está preocupada com a descontratação de 20 GWh. Enquanto lutam para solucionar o impacto no segmento dos gastos extras com subcontratação e despacho térmico, as distribuidoras fazem as contas do peso desse comprometimento no caixa de cada uma. Cemig-D (MG) e Light (RJ) ainda não sabem o impacto dessa bolha financeira criada desde outubro de 2012 com o início do despacho sobre o caixa. Mas admitem que o custo tem efeito diferenciado sobre cada empresa, porém de forma preocupante. No caso da Cemig, o custo financeiro será repassado com a homologação do resultado final da revisão tarifária prevista para abril, lembrou o diretor de Relações com Investidores da empresa, Luiz Fernando Rolla. Mas, ele ressalvou que podem haver outros gastos posteriores se o governo decidir manter as térmicas ligadas por mais tempo. O efeito financeiro para Light só será repassado para a tarifa no reajuste que acontece em 7 de novembro, contou o diretor-presidente da companhia, Paulo Roberto Ribeiro Pinto. A DME-D, de Poços de Caldas, ficou com 4,6% do mercado descontratado, o equivalente a 20 GWh, depois da renovação da concessão da PCH Anta I, que teve a energia distribuida em cota entre todas as concessionárias do país. O diretor administrativo e financeiro da distribuidora, Luiz Carlos Santos, lembrou que a usina, pertence ao grupo, abastecia exclusivamente a distribuidora, que passou a conta com apenas um terço do montante. Além disso, pesou ainda o fim do contrato bilateral com a hidrelétrica Barra Grande, na qual tem participação acionária. O reajuste tarifário da empresa acontece em outubro próximo. A revisão tarifária, ocorrida no ano passado, não capturou esses efeitos. (Sueli Montenegro)