Elétrica italiana cria base no Brasil

O CESI, empresa italiana de consultoria e testes de sistemas de energia, espera alcançar um faturamento anual de € 10 milhões no Brasil dentro de três anos. A companhia, que anuncia hoje a abertura de seu primeiro escritório na América Latina, no Rio de Janeiro, está negociando contratos para prestar serviços para projetos de smart grid (redes inteligentes), linhas de transmissão de longas distâncias e energias renováveis. "Sei que há a impressão de que a economia está crescendo devagar. Mas o país terá um crescimento expressivo. Um crescimento de 4% a 5% será muito promissor e interessante. O futuro do desenvolvimento da infraestrutura vai acontecer nesta parte do mundo", afirmou o presidente global do CESI, Matteo Codazzi, que veio ao Brasil para a inauguração do escritório. O CESI tem faturamento global da ordem de € 120 milhões e atua em cerca de 40 países, totalizando aproximadamente 1 mil funcionários. A companhia, que tem entre seus acionistas nomes de peso como as italianas Enel e Terna, a suíça ABB, a alemã Siemens e a francesa Alstom, está negociando parcerias com empresas brasileiras cujos projetos foram habilitados no programa Inova Energia, linha de financiamento de R$ 3 bilhões do governo para pesquisa e desenvolvimento no setor elétrico. Os projetos são voltados para smart grid, fontes renováveis e veículos elétricos. O CESI já presta serviços para uma das duas linhas de transmissão que interligarão o complexo hidrelétrico do Rio Madeira, em Rondônia, a São Paulo, com mais de 2,3 mil quilômetros de extensão. O contrato, firmado com o consórcio IE Madeira (formado Cteep, Furnas e Chesf), inclui comissionamento, controle de qualidade, revisão do projeto e certificação. A companhia também espera arrematar novos contratos para consultoria e testes de tecnologias de transmissão em corrente contínua, como a do linhão do Rio Madeira. É o caso, por exemplo, do tronco de transmissão que transportará energia da mega-usina de Belo Monte, no Pará, para a região Sudeste. Segundo Codazzi, a tecnologia de corrente contínua em alta tensão (HVDC, na sigla em inglês) é considerada a "banda larga da transmissão de energia". Ele explica que a linha de transmissão em corrente contínua não é algo novo no setor elétrico, mas a tecnologia atual é mais eficiente e com grandes avanços em termos de redução de custos. Além da abertura de um escritório no centro do Rio de Janeiro, que deverá ter entre 30 e 40 pessoas, o CESI contratou o engenheiro Paulo Cesar Vaz Esmeraldo para conduzir as operações no Brasil e na América Latina. Experiente técnico do setor elétrico, Esmeraldo tem passagens por Furnas, Eletrosul e Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Criado em 1956, como um centro de excelência em tecnologias do setor elétrico, o CESI atua no Brasil desde a década de 1970, quando participou da consultoria que auxiliou na criação do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), a principal referência em estudos e pesquisas no sistema elétrico brasileiro, coordenado pela Eletrobras. A companhia também presta serviço de consultoria para o sistema de monitoramento da hidrelétrica de Itaipu, na fronteira com o Paraguai, de 14.000 megawatts. Além do serviço de consultoria, o CESI também atua na fabricação de células solares fotovoltaicas. Inicialmente os equipamentos eram produzidos para satélites espaciais, mas estão sendo desenvolvidos para a produção de energia elétrica em terra. (Rodrigo Polito)