Energisa mantém interesse pelo Rede

A família Botelho, controladora da Energisa, continua na disputa pelo grupo Rede, mesmo após ter sido abandonada por sua parceira, a Copel. A estatal paraense comunicou, na quarta-feira à noite, que desistiu de apresentar uma oferta de compra para os ativos, decisão que foi aplaudida por alguns analistas. Para o banco Credit Suisse, a disputa pelo Rede não faz "sentido" para a Copel, cujas ações subiram ontem 5,7%, superando o Ibovespa, que avançou 2,5%. Ao ser perguntado pelo Valor PRO, serviço em tempo real do Valor, se possuía um "plano B", o presidente da Energisa, Ricardo Botelho, respondeu que a empresa "está há meses se preparando e não depende da permanência da Copel para levar adiante a proposta". O executivo nega ter sido surpreendido pela decisão. A saída da Copel, contudo, fragiliza a Energisa, que enfrenta o consórcio formado pela CPFL e Equatorial na disputa pelos ativos do Rede. As duas empresas já firmaram um contrato de compra com o controlador do grupo, Jorge Queiroz, e estão avançadas no plano de recuperação da companhia. Os credores do Rede vão decidir no dia 3 de julho, em assembleia, se aceitam os termos oferecidos pela CPFL e Equatorial, que propõem pagar as dívidas com um deságio em torno de 85%. A Energisa também terá dificuldades para absorver sozinha os ativos do Rede, que dobrariam seu tamanho. Originário da Companhia de Força e Luz Cataguazes-Leopoldina, fundada em 1907, o grupo da família Botelho possui hoje cinco distribuidoras de energia espalhadas pelo país (PB, SE, MG e RJ). A Energisa, que atende 2,5 milhões de consumidores, faturou R$ 4,1 bilhões e lucrou R$ 291 milhões no ano passado. O grupo Rede possui oito distribuidoras em cinco Estados (SP, PR, TO, MT e MS) que faturam juntas cerca de R$ 7,2 bilhões por ano. As empresas atendem em torno de 3 milhões de clientes e, devido à crise financeiro do grupo, estão sob intervenção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) desde setembro. A Energisa fez, em parceria com a Copel, uma oferta de R$ 3,2 bilhões para comprar os ativos do Rede - as oito distribuidoras e uma geradora. Deste total, as empresas ofereceram pagar R$ 1,8 bilhão à vista aos credores. Após a saída da Copel, a Energisa informou ontem que contratou o banco Goldman Sachs para assessorá-la na aquisição dos ativos e que pretende levar aos credores uma proposta de recuperação do grupo. Quando questionado se teria os recursos necessários, Botelho respondeu que a Energisa "está tranquila". "Temos diversas linhas de crédito, com os bancos de primeira linha, que reconfirmaram o apoio à Energisa. Futuramente, podemos considerar operações de mercado de capitais como debêntures, mercado de bonds no exterior e até mesmo novas ações ", respondeu o executivo. (Cláudia Facchini)