Energisa planeja investir R$ 1,6 bilhão até 2015

O grupo de origem mineira Energisa vai realizar um aumento de capital de R$ 350 milhões. O objetivo é levantar recursos para o plano de investimentos de R$ 1,6 bilhão nos próximos três anos. Desse total R$ 900 milhões serão destinados a projetos de geração de energia renovável e R$ 700 milhões na área de distribuição. Apenas em 2013, a previsão é investir R$ 762 milhões, 13,1% em relação a 2012. "O aumento de capital reforça o nosso compromisso de manter a condição financeira da empresa saudável, mirando os investimentos que temos que fazer. Também é uma posição prudente nesse ambiente de incertezas devido aos efeitos da geração termelétrica", disse o diretor financeiro e de relações com investidores da Energisa, Maurício Botelho ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. A companhia tem R$ 923 milhões em caixa, valor 23,5% superior em relação a 2011. Segundo Botelho, o período de subscrição de ações começa em 7 de março. Os acionistas terão direito de preferência até 5 de abril. Em seguida, haverá um período de leilão de sobras, caso alguns acionistas não acompanhem o aumento de capital. "Os controladores vão garantir a compra dessa emissão inteira. Vai ser viabilizado de qualquer forma". Dentro do plano 2013-2015, os investimentos em geração são destinados a implantação de 292 megawatts de capacidade instalada de pequenas centrais hidrelétricas, eólicas e térmicas a biomassa de cana-de-açúcar. A meta da empresa é ampliar o parque gerador de 103 MW para 485 MW. Esse montante final inclui o projeto eólico de Sobradinho, na Bahia, de 90 MW, que não consta na previsão de investimentos de R$ 1,6 bilhão até 2015. No segmento de distribuição, os investimentos serão focados na expansão e melhoria da rede. A companhia atende 2,549 milhões de consumidores por meio de cinco distribuidoras, sendo duas na Paraíba, uma no Rio de Janeiro, uma em Minas Gerais e uma em Sergipe. Com dinheiro em caixa e fôlego para se financiar, a Energisa estuda oportunidades nos leilões de geração deste ano e possibilidades de aquisição de distribuidoras no setor. "Estamos interessados em fazer aquisições, às vezes aparecem oportunidades, nós participamos delas", explicou Botelho. Um dos alvos da empresa são os ativos de distribuição do grupo Eletrobras, que podem ser colocados à venda no processo de reestruturação da estatal. Nesse caso, a Energisa tem especial interesse nas distribuidoras do Alagoas e do Piauí, devido a ganhos de escala com suas concessionárias situadas no Nordeste. Em 2012, a Energisa estava disposta a comprar, em parceria com a estatal paranaense Copel, o controle do grupo Rede. O negócio, no entanto, não avançou porque a elétrica do empresário Jorge Queiroz fechou acordo de exclusividade com a CPFL e a Equatorial Energia. A companhia tem uma situação confortável de alavancagem. O índice dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado é de 2,8 vezes, bem abaixo do teto de 3,5 estabelecido nos covenants (limites de endividamentos) firmados com os bancos credores. O anúncio do aumento de capital foi feito junto com a divulgação dos resultados da empresa em 2012. A empresa apurou lucro líquido de R$ 291,1 milhões, com alta de 37,2% em relação ao ano anterior. Na mesma comparação o Ebitda ajustado cresceu 15,7%, para R$ 684 milhões. Segundo Botelho, o resultado foi motivado por um crescimento da receita líquida (20,3%, para R$ 2,91 bilhões) maior que o aumento de 10,1% dos custos controlados. As vendas físicas de energia (incluindo geração e distribuição) cresceram 8,8% no período, totalizando 10.833 gigawatts-hora (GWh). (Rodrigo Polito)