Eólica entra na disputa em dezembro

O governo vai rever a decisão de excluir a fonte eólica dos leilões de energia do tipo A-5, que negocia contratos com início de fornecimento em cinco anos. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, solicitou à sua equipe que tome as medidas necessárias para incluir projetos eólicos no segundo leilão A-5 deste ano, marcado para 13 de dezembro. Oficialmente, a decisão foi motivada pela avaliação positiva que o Planalto fez do leilão de energia de reserva, voltado para eólicas, na semana passada. Na ocasião, 66 projetos venderam quase 700 MW médios, ao preço médio de R$ 110,51/MWh. O Valor apurou, contudo, que a entrada das eólicas no A-5 foi objeto de conversas recentes dos governadores da Bahia, Jaques Wagner (PT), e do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM), com autoridades de primeiro escalão do governo Dilma. Esses dois Estados concentram boa parte dos parques geradores construídos recentemente. Wagner e Rosalba fizeram um corpo a corpo, em Brasília, para mostrar que os investimentos em usinas eólicas são importantes para a economia regional. Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, o governo pretende criar um produto (contrato) específico para as eólicas no leilão de dezembro. O objetivo é aproveitar a economicidade dos parques e, ao mesmo tempo, garantir que sejam contratados projetos de fontes de energia com produção constante, que deem segurança à expansão da oferta do sistema. "Por ser a eólica uma fonte variável, não podemos contratar só eólicas", disse Tolmasquim ao Valor. O A-5 é considerado estratégico do ponto de vista de atendimento do sistema por contratar grandes blocos de energia no longo prazo. Dessa forma, não é prudente confiar todo o volume contratado em uma única fonte, e em um tipo de geração intermitente, como as eólicas. Na prática, a ideia é dividir o leilão em dois grupos. Parte da demanda seria contratada pelas eólicas. E outra quantidade, por térmicas, hidrelétricas convencionais e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Segundo Tolmasquim, a princípio, a energia eólica terá um papel de complementaridade no A-5. O assunto deverá ser decidido em breve. "A decisão tem que ser tomada em rápido período para que dê tempo para os projetos se inscreverem", disse Tolmasquim. A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Élbia Melo, recebeu com satisfação a notícia e vê o ano de 2013 como um período de "consolidação" do setor. Ela vê potencial para a inscrição de até 20 mil MW no A-5, embora só uma pequena parte seja contratada. "É um grande sinal de interesse das empresas em investir no país". (Rodrigo Polito e Daniel Rittner)