Estudo aponta energia nuclear como solução para matriz elétrica

Documento considera cenários onde preço na energia nuclear poderia cair em vista da diluição desse custo ao longo da vida operacional da usina. Um estudo lançado recentemente pela FGV Projetos, projeta como será a matriz elétrica do país em 2040 a partir de custos nivelados de geração de energia elétrica e alerta sobre a importância da diversificação da matriz elétrica, visando reduzir a dependência física e/ou climática da geração de energia. De acordo com o estudo “Futuro Energético e Geração Nuclear”, que teve a coordenação do especialista Otavio Mielnik, em um cenário de avanço instituicional, a demanda de energia em 2040 será de 1.244.925 GWh, sendo a energia nuclear responsável por cerca de 228.139 GWh dessa energia. "A ideia de fazer o estudo surgiu pelo fato de nós termos constatado que o sistema elétrico do brasil resulta de uma estrutura de geração de energia elétrica que funcionou muito bem durante os últimos 50 anos mas agora está entrando em um estado de saturação. Os limites encontrados no aproveitamento dos recursos hídricos, nos leva a um quadro onde é necessário explorar mais as opções e as alternativas energéticas disponíveis", comentou Mielnik. De acordo com o especialista, para o horizonte de 2040, poderão ser traçados três cenários. Há um inicial de controle de mercado, onde existe uma situação na qual o crescimento da demanda e da oferta são mais restritos, mais contidos. Um cenário de racionalidade econômica, que se caracteriza por uma evolução em relação ao controle de mercado onde a evoloção do preço reflete na tarifa e há externalidades que são precificadas. E finalmente, o cenário de avanço institucional, que é um cenário que, pela evolução natural no sistema, atrai novos investidores do setor privado que passam a investir no setor energético no Brasil, graças a regimes de concessão inovadores, que atraem novas tecnologias avançadas. "Esse cenário permite que o sistema atinja um grau de diversificação que de um lado, atenda mais as necessidades de consumo, e de outro, promova uma real competição entre as fontes energéticas de modo que haja uma redução gradual dos custos", disse Mielnik. O estudo apresenta uma metodologia que avalia os custos nivelados de energia elétrica para cada fonte energética na composição da matriz elétrica brasileira, em especial a energia nuclear. De acordo com o especialista, as novas usinas nucleares, com novos equipamentos - reatores que foram estudados e testados durante os últimos 20, 30 anos, e estão sendo aplicados agora -, apresentam um método de construção padronizado, modularizado, o que deve reduzir o custo da construção. Com isso, acredita-se que o preço da energia nuclear possa reduzir, tornando a fonte competitiva no mercado. "Para o nosso estudo, utilizamos os custos nivelados de energia elétrica. Quando você dilui esse custo ao longo da vida operacional da planta, você vai ter o preço real do kWh gerado diluido ao longo da vida útil dessa usina. E nesse contexto, a energia nuclear se torna competitiva nos cenários de racionalidade econômica, e principalmente de avanço institucional", comentou. (Tatiana Resende)