Expectativa de alta no PLD com incorporação da aversão ao risco esvaziou leilão A, segundo Abradee

Para Marco Delgado, subcontratação só deverá reduzir com o vencimento de novas concessões de usinas. A expectativa de alta do Preço de Liquidação de Diferenças a partir de agosto, quando será incorporada a aversão ao risco na formação de preços, fez com que o leilão A terminasse sem negociação nesta segunda-feira, 24 de maio. A opinião é do diretor da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, Marco Delgado. Para esta semana, o PLD fechou um pouco abaixo dos R$ 150/MWh e o preço inicial do certame era de R$ 171,80/MWh, mas, segundo ele, a tendência é de elevação. "Realmente não foi muita surpresa. Existia um cenário muito forte, que acabou se concretizando, de que o leilão não seria muito bem sucedido", afirmou o executivo em entrevista à Agência CanalEnergia. Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico, concorda com Delgado. Segundo ele, é inevitável a alta do PLD com a incorporação da aversão ao risco na formação de preços, devido ao alto despacho térmico que, atualmente, ocorre fora da ordem de mérito e ainda não impacta o preço no mercado de curto prazo. As concessionárias estão atualmente subcontratadas em torno de 2 mil MW médios devido a não realização do leilão A-1 em 2012 e a insuficiência das cotas das hidrelétricas com concessões renovadas para cobrir os contratos de energia existente. Para Delgado, da Abradee, a subcontratação das distribuidoras deverá ser reduzida nos próximos anos, quando vencer a concessão de novas usinas e essa energia virar cota. A UHE Três Irmãos, da Cesp, que não aderiu à Medida Provisória 579, tem licitação marcada para setembro e será a primeira a ser leiloada. Outra alternativa, ainda de acordo com o executivo, seria a realização de um leilão A-1, que também não tem cenários muito fortes de sucesso devido ao PLD elevado. "A solução mais estrutural é o processo de conversão em cotas. Um leilão de energia existente é para pouco tempo e ele acaba cobrindo espaços mas não de forma estruturada. A medida que as concessões vão sendo canceladas, vai se constituindo um patamar de cotas e reduzindo a subcontratação", declarou. Delgado comentou que a subcontratação mais forte é em 2013 e em 2015 a tendência é que isso seja pontual. A exposição involuntária das distribuidoras devido ao não atendimento total pelas cotas também será coberta com recursos da Conta de Desenvolvimento Energético, como determina a MP 609, que foi aprovada no Congresso, mas ainda depende de sanção presidencial. "Com isso, as distribuidoras estão com a condição econômico-financeira protegidas", analisou. (Carolina Medeiros)