FIP Terra Viva faz fusão de dois grupos de usinas

Depois de comprar desde 2008 participação em três grupos sucroalcooleiros no Centro-Sul do país, o fundo de private equity FIP Terra Viva, da gestora DGF Investimentos, acaba de promover a fusão de dois deles. A Tonon Bioenergia, que tem duas usinas, assinou na última semana contrato de intenção de compra da Paraíso Bioenergia, em uma negociação feita com assunção de dívida, troca de ações e pagamento em dinheiro. O terceiro grupo no qual o fundo tem participação, a Alvorada, em Minas Gerais, entrou no portfólio em dezembro passado e está agora em fase de expansão. "Após esse período, vamos avaliar qual a melhor estratégia para esse ativo", diz o presidente do FIP Terra Viva, Humberto Casagrande. Na operação, cuja conclusão depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Tonon Bioenergia absorveu a dívida líquida de R$ 243 milhões da Paraíso. Houve ainda o pagamento em dinheiro de R$ 50 milhões e outros R$ 120 milhões em troca de ações, explica o presidente da Tonon, Rodrigo Aguiar. Com isso, a família controladora da Tonon passou a deter 58% de participação no negócio. O FIP Terra Viva, 35% e os acionistas controladores da Paraíso, 7%. Até então, a Tonon tinha duas usinas, uma em Maracaju (MS) e outra em Bocaina (SP). Com menor sinergia operacional e comercial, essas unidades, somadas, moeram no ciclo 2012/13 em torno de 5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, segundo Aguiar. A Paraíso, com sede em Brotas (SP), registrou no mesmo ciclo moagem de 1,8 milhão de toneladas. Mas a partir da recente incorporação, o desempenho da Tonon subirá já 2013/14 para 8 milhões de toneladas de cana nas três usinas, que somam faturamento da ordem de R$ 900 milhões - R$ 230 milhões da Paraíso. A capacidade da Tonon está ainda sendo expandida para atingir 9,5 milhões de toneladas de cana em 2015/16. As duas usinas paulistas são vizinhas, ficam a 40 quilômetros uma da outra e terão potencial para significativos ganhos de sinergia, segundo Aguiar. Em primeiro lugar, segundo ele, porque a fusão põe fim à concorrência por cana e terra arrendada na região. Há ainda, detalha Aguiar, a economia com despesas gerais e administrativas. O presidente do FIP Terra Viva diz que ainda não há planos de incorporação da quarta usina na qual o fundo tem participação, a Alvorada, localizada na cidade mineira de Araporã, na divisa com Goiás. A compra da participação de cerca de 30% dessa unidade foi concluída em dezembro passado, e agora uma série de investimentos estão sendo feitos para ampliar e modernizar a usina. O fundo colocou no negócio R$ 70 milhões e a CPFL Energia, outros R$ 160 milhões na instalação de uma unidade de cogeração de energia com biomassa de 50 megawatts (MW) de capacidade. Com os dois aportes, a capacidade de moagem de cana da Alvorada será ampliada de 1,1 milhão de toneladas para 2 milhões. "Quando a reorganização da Alvorada estiver concluída, vamos estudar a melhor estratégia", diz Casagrande. Desde que foi criado, o FIP Terra Viva investiu R$ 260 milhões nas participações minoritárias nos três grupos, que juntos têm condições de moer 10 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra. (Fabiana Batista)