Fontes renováveis concentram a pesquisa de grandes empresas

Investimentos em centros de tecnologia com foco em energias renováveis têm sido o diferencial de grandes empresas do setor. A GE, por exemplo, inaugura no primeiro semestre do próximo ano, no Rio de Janeiro, seu quinto Centro de Pesquisa Global no mundo. A Alstom, por sua vez, investe na construção de seu primeiro Centro Global de Tecnologia da América Latina, no Vale do Paraíba. A Siemens anuncia o sucesso da SST300-N, primeira turbina manufaturada a partir de 2006 capaz de gerar entre 10% e 20% a mais de energia com a mesma quantidade de combustível. "Nosso equipamento proporciona um aumento de eficiência global do ciclo termodinâmico e permite uma maior quantidade de energia gerada com a mesma quantidade de combustível", diz Marcio Campos, gerente de vendas da Siemens. Por ser bastante flexível, esse modelo de turbina da Siemens rapidamente adaptou-se para outras aplicações, como os segmentos de alimentos e bebidas, papel e celulose, mineração e metalurgia, indústria química, óleo e gás, entre outros. Segundo Thiago Pistore, diretor da área de turbinas vapor da Siemens, "por ser uma empresa que consolidou várias tecnologias, inclusive de empresas que ela adquiriu", a Siemens construiu uma plataforma avançada que é uma mescla de diversas tecnologias que resultam em um produto mais eficiente, mais competitivo e mais econômico. Para ele, "esse é o grande projeto" da empresa. "Vamos transferir tecnologia para o Brasil e a partir do próximo ano a comercialização será feita aqui. A diferença entre o produto atual que temos é que não são mais consideradas máquinas na faixa de turbinas industriais. São máquinas para produtores de energia independentes, de grande porte", afirma. Enquanto comemora o lançamento da ECO 122, um modelo de aerogerador totalmente adequado às condições de vento das regiões brasileiras, a Alstom Brasil investe na construção de seu primeiro Centro Global de Tecnologia da América Latina, no Vale do Paraiba, "São € 6 milhões nesse centro, além de R$ 30 milhões em uma nova fábrica do segmento eólico, a ser inaugurada no próximo mês em Canoas, no Rio Grande do Sul, e que será dedicada à produção de torres para aerogeradores", informa Marcos Costa, presidente da Alstom Brasil. O Centro de Tecnologia estará localizado em Taubaté, interior de São Paulo, em uma das maiores fábricas do segmento hidrelétrico da Alstom no mundo, com capacidade para fabricar todos os equipamentos eletromecânicos para usinas hidrelétricas no Brasil e para projetos no exterior. Segundo Costa, o "centro, que deve ser inaugurado ainda neste ano, terá um foco especial em usinas Kaplan". O Brasil será responsável por 45% do futuro mercado global das turbinas Kaplan e, junto dos países asiáticos, compõe 80% do segmento. Esse tipo de turbina é ideal para projetos hidrelétricos de baixas quedas (até 55 metros) e é capaz de se adaptar ao fluxo de água no rio, o que gera produção o ano todo. Ela colabora para preservar o ambiente, porque pode ser usada em reservatórios com pequenas áreas inundadas. Além de desenvolvimento de projetos, o centro terá parcerias com universidades como a Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp) para financiamento de programas de mestrado e doutorado relacionados ao mercado hidrelétrico. A Alstom já tem centros similares em Grenoble, na França, Baroda (Índia), Birr (Suíça) e Sorel-Tracy (Canadá). Segundo Costa, a empresa atingiu € 23,8 bilhões em pedidos e € 20,3 bilhões de faturamento globalmente no ano fiscal 2012/13. No Brasil foram R$ 4,7 bilhões em pedidos e R$ 2,5 bilhões em vendas, mais que o dobro em pedidos e manutenção do faturamento em relação a 2012. A GE inaugura no primeiro semestre de 2014 seu quinto Centro de Pesquisa Global no mundo, o primeiro da América Latina, que ficará no Rio de Janeiro, com investimentos de US$ 250 milhões. Em junho de 2012, a empresa inaugurou seu Centro de Serviços na Bahia, investindo em parceria com escolas técnicas para capacitar engenheiros que vão atuar em energia eólica. "A GE já investiu mais de US $ 2 bilhões em pesquisa e desenvolvimento de energias renováveis", afirma Sergio Souza, diretor de vendas da GE Renováveis para a América Latina. A empresa tem uma frota operacional de mais de 21 mil turbinas no mundo. No Brasil, a GE já produziu 450 eólicas e até o fim de 2013, terá um total de 1 Gigawatt de capacidade instalada. Citando dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Souza diz que o mercado desse tipo de energia no Brasil deve crescer cerca de 40% entre 2012 e 2016. Entre as inovações, cita uma turbina eólica lançada neste ano capaz de captar centenas de milhares de dados que garantem maior potência. (Rosangela Capozzoli)