Governo fará leilão de térmicas a carvão

É a 1ª vez desde 2008 que país precisa de ofertas desse tipo de energia, mais poluente. Pela primeira vez nos últimos cinco anos, o governo federal vai realizar um leilão para oferta de energia elétrica com usinas a carvão. O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse ontem que o leilão para oferta de energia para 2018, a ser realizado em agosto, contemplará principalmente usinas térmicas a gás natural, biomassa e carvão. Tolmasquim explicou que a oferta para projetos de geração de térmicas a carvão é necessária porque vários projetos de usinas hidrelétricas não conseguiram ainda licenças ambientais. Além disso, as térmicas a gás não se mostram viáveis por não apresentarem preços competitivos, já que a maior oferta é de GNL (Gás Natural liquefeito), mais caro. - O mercado precisa ter a garantia do suprimento da energia, então foi necessário incluir usinas a carvão, além das de biomassa e a gás natural - afirmou Tolmasquim, que participou de seminário sobre a matriz energética realizado ontem na Fundação Getulio Vargas (FGV). Mas, em dezembro, a EPE pretende realizar outro leilão para ofertar energia também para 2018 com algumas usinas hidrelétricas, como a de São Samuel, entre outras. Tolmasquim destacou a decisão de desligar 34 usinas térmicas a óleo que, além de outras cinco já desligadas, vão representar uma economia de R$ 1,4 bilhão por mês. No total, serão menos 3.800 megawatts de geração térmica a óleo. - É um paradoxo ambiental, mas isso representa a escolha que faz a sociedade - disse Tolmasquim, referindose ao fato de que a não construção de hidrelétricas por falta de licenças ambientais leva o país a construir usinas a carvão, além de usar também térmicas a óleo, mais caras e mais poluidoras. O presidente da EPE descartou a construção de novas centrais nucleares no Brasil no curto prazo. Segundo Tolmasquim, a energia nuclear ainda é muito cara e existem outras alternativas. No último estudo de planejamento energético, até 2030, a EPE previa a necessidade de se construir entre quatro e oito usinas nucleares no Brasil com capacidade de mil megawatts cada. Mas agora, Maurício Tolmasquim deixou claro que a necessidade dessas usinas deverá sair do horizonte de 2030. - A energia nuclear ainda é muito cara. E tem ainda alguns problemas a solucionar, como a questão de rejeitos. A curto prazo tem outras alternativas mais interessantes. (Ramona Ordoñez)