Governo não espera redução significativa do preço do gás no médio prazo

Marco Antônio Almeida, secretário do MME, afirma que é necessário ter um choque de oferta interna. O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida, afirmou nesta segunda-feira, 3 de junho, que não se deve esperar que o gás natural atinja no médio prazo o mesmo nível de preços dos Estados Unidos. Almeida explicou que o país não tem no horizonte para 2022 um excedente estrutural do produto e, para que haja redução dos preços, é preciso ter um choque de oferta interna. O preço atual varia de US$ 9 a US$ 13 por milhão de metros cúbicos, enquanto nos EUA, o preço final é de US$ 4 por milhão de m³. Uma das razões apontadas para o preço do mercado norte-americano foi a proibição de exportação do produto, além do custo de produção. "No Brasil, vamos avaliar a possibilidade de exportar quando garantirmos o mercado interno", disse Almeida, durante apresentação para jornalistas sobre gás de fonte não convencional, conhecido como shale gas. Segundo o secretário, a expectativa é de que as áreas da bacia do São Francisco, leiloadas há oito anos, comecem a produzir gás entre dois e três anos. As áreas para a exploração de óleo e gás não convencional, que serão leiloadas em novembro próximo, deverão produzir de quatro a cinco anos após o certame. "Vamos ofertar áreas que nós identificamos como potencial para produção convencional e não convencional", explicou o secretário, ao falar da 12ª rodada de licitações da Agência Nacional de Petróleo. A descoberta de gás convencional nessas áreas terá custo menor para os vencedores do certame, mas eles serão obrigados a fazer estudos para identificar a possível existência de reservas de gás não convencional. Almeida admitiu que o custo de estender a perfuração é significativo, mas não tornará menos atrativo o negócio para os investidores. A exigência de extensão dos estudos é uma forma que o governo encontrou de mapear efetivamente o potencial das áreas de exploração, uma vez que não existem estimativas embasadas em levantamentos feitos nos locais. Cálculos preliminares feitos pela ANP estimam o potencial das reservas brasileiras de shale gas em 14,6 trilhões de metros cúbicos. Hoje, o Brasil importa, em média, de 50 a 60 milhões de metros cúbicos de gás por dia, incluindo o gás da Bolívia. Com todas as térmicas em operação essa importação chegou a 70 milhões de metros cúbicos diários. O cenário de produção que o governo tem hoje projeta a manutenção da demanda pelo produto importado para os próximos anos, a menos que o país possa contar em prazo mais curto com fonte não convencional. (Sueli Montenegro)