Governo nega falta de energia e diz que fará tudo contra racionamento

Secretário executivo do Ministério de Minas e Energia reúne-se com Dilma e faz um relato atualizado da situação. A escalada das preocupações com o fornecimento de energia obrigou o governo a vir a público defender a estratégia montada para atender à demanda por eletricidade e evitar a todo custo algum tipo de racionamento. Na tentativa de conter as especulações sobre um eventual racionamento, as declarações do secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, vieram antes mesmo da reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) - marcada para hoje - que vai avaliar a situação dos reservatórios das hidrelétricas. Zimmermann negou a possibilidade de falta de eletricidade e alegou que o gasto com as térmicas, usadas para compensar a queda no nível dos reservatórios, não afetará a redução de 20,2% na conta de luz prometida pela presidente Dilma Rousseff para este ano. Entidades do setor elétrico e economistas consideram que o corte pode não ficar do tamanho estabelecido pelo Palácio do Planalto porque o uso das térmicas - que geram energia mais cara e mais poluente - será repassado aos consumidores, reduzindo o impacto do corte. "A redução de 20% é estrutural, enquanto o gasto com as térmicas é conjuntural. Não podemos misturar uma coisa com a outra", disse Zimmermann. Para o Ministério de Minas e Energia, as usinas que aceitaram renovar seus contratos, seguindo as regras fixadas pelo Planalto, passarão a cobrar um preço menor pela eletricidade gerada. Quando o nível dos reservatórios for restabelecido, o uso das térmicas será reduzido. Zimmermann fez questão de frisar que o País não corre o risco de passar por um novo racionamento. Apesar de os reservatórios das hidrelétricas estarem em níveis baixos, o sistema hidrotérmico brasileiro está equilibrado. "Em 2001 o problema era a falta de usinas, e hoje não temos esse problema", disse. Fim das férias. Dilma, que voltou ontem para Brasília, depois de 11 dias de recesso na Base Naval de Aratu (BA), recebeu Zimmermann no início da noite no Palácio da Alvorada. "O ministro Lobão pediu que fosse relatado como está o sistema elétrico", disse o secretário, explicando que foram levadas a Dilma informações atualizadas. Ao sair do Alvorada, Zimmermann insistiu que o País tem geração de energia "suficiente" para atender ao mercado, ao contrário do que tem sido dito pelos críticos. "A presidente normalmente acompanha (esse assunto)", lembrando que ela teve uma reunião com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, antes de sair de férias. Segundo Zimmermann, Dilma pediu que "cada um cumpra seu papel". A possibilidade de racionamento é pequena, segundo o governo, mas o fato de a hipótese, antes rechaçada no Planalto, ter entrado no cenário técnico de 2013 fez ligar o sinal de alerta. Mais que negar a alternativa, autoridades garantiam, ontem, que o governo fará "tudo e mais um pouco" para evitar o caminho do racionamento. Para uma fonte a par das discussões estratégicas do governo no setor, uma coisa é admitir, internamente, que há pequena possibilidade de racionamento. Outra coisa, porém, é recorrer ao expediente. (EDUARDO RODRIGUES. COLABORARAM TÂNIA MONTEIRO e JOÃO VILLAVERDE)