Indústria de máquinas para usinas tem 60% de ociosidade

A falta de projetos de novas usinas de açúcar e álcool causa reflexos nas empresas de máquinas e equipamentos em um dos principais polos do setor, em Sertãozinho, no interior de São Paulo. A ociosidade média nas fábricas chega a 60%, de acordo com cálculos do Ceise Br (centro nacional das indústrias do setor). As companhias da região produzem todos os tipos de equipamentos para usinas, como moendas e caldeiras. "Não há novos pedidos. As indústrias estão apenas trabalhando em peças para reforma e manutenção", diz Antonio Tonielo Filho, presidente da entidade. A quebra na safra da cana nas últimas temporadas é um dos motivos para a baixa expansão do setor. Como consequência, indústrias de máquinas reduziram turnos e buscam clientes em outras áreas, como petróleo e gás. "A maioria tem evitado demitir porque acredita em uma retomada no fim do ano, mas esse fôlego não vai durar muito", diz Sebastião Macedo Pereira, economista do Ceise Br. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ IMPULSO EXTERNO Na maior indústria de máquinas de Sertãozinho, a Sermatec Zanini, que também enfrenta alta ociosidade, a situação deve melhorar no segundo semestre, diz o presidente Antonio Carlos Christiano. O nível de produção, porém, só irá crescer graças a negócios fechados fora do país, como a fabricação de duas caldeiras de grande porte --para uma usina de açúcar na Venezuela e uma termoelétrica no Uruguai. "O setor não pode trabalhar assim, tendo picos e vales", afirma. No mercado interno, a companhia tem atualmente apenas um projeto novo --que havia sido contratado antes de 2008 e ficou um período paralisado. Com investimentos feitos na renovação de canaviais em 2012, a produção de cana deve crescer e se aproximar neste ano da capacidade instalada do setor e, por isso, diz ele, a expectativa é que as usinas voltem a se expandir em 2014. "Mas a indústria precisa de regras claras e duradouras que incentivem o investimento, pois há mercado para consumir mais etanol e bioeletricidade no país." (Maria Cristina Frias)