Leilão específico para solar estimularia grandes projetos

Investidores e desenvolvedores afirmam que a solar está competitiva, podendo concorrer em breve até mesmo contra térmicas a gás natural. O investimento em grandes projetos de geração de energia por meio da fonte solar ainda depende intimamente de uma política de desenvolvimento estimulada pelo governo. Essa é a opinião de investidores e desenvolvedores de projetos. O caminho ideal é o leilão específico para essa fonte assim como ocorreu com a eólica em 2008 com a realização de disputas específicas para inserir a fonte na matriz elétrica de forma significativa e, consequentemente, reduzir os custos de implantação e a tarifa se tornar mais competitivida diante do atual cenário. Esse movimento colocaria o país no mesmo momento da redução dos preços dessa energia como vem ocorrendo no mundo. De acordo com Camila Ramos, da Clean Energy Latin America (Cela), o aumento da eficiência da tecnologia fotovoltaica tem reduzido o preço da energia no setor. Tanto que, citou ela, a projeção de preços de equipamentos pode ficar na casa de US$ 0,25 por watt instalado em um parque solar. A Renova poderia colocar abaixo de R$ 200 por MWh conseguiria vender a energia no mercado brasileiro. De acordo com Rodolfo Molinari, executivo da empresa, o leilão seria o sinal para o início do desenvolvimento de grande porte no Brasil com o aumento da produção de equipamentos. Ele destacou que o estudo da empresa mostra que a solar é tão competitiva quanto uma térmica a gás transportado. "Estamos no mesmo momento em que a eólica estava em 2008 com o inicio de estudos da fonte e as suas potencialidades", definiu o executivo da Renova. Essa estimativa da Renova vai ao encontro da estimativa de outra companhia do setor a Solatio Energia, que revelou durante a Brazil Solar Energy Conference, realizada em São Paulo, nesta terça-feira, 28 de maio, que para um leilão específico da fonte, o preço teto poderia ficar em R$ 200 por MWh e com prazo de 25 anos. Além disso, no mercado livre o valor poderia ser estabelecido em R$ 180 por MWh. O desenvolvimento de incentivos ao mercado é visto como fundamental para o crescimento dessa fonte e ao mesmo tempo termos a nacionalização de equipamentos. Isso porque há no mercado uma sobreoferta de capacidade de produção no mundo. Esse também é apontado como um dos motivos que tem levado à redução de preços a níveis que são considerados insustentáveis no longo prazo. Tanto que a expectativa é de que no futuro o setor possa vivenciar eventos de fusões, aquisições e até mesmo de quebra de empresas em um futuro próximo. E pelo volume de capacidade instalada no Brasil há muito o que crescer. Segundo números apresentados pela executiva da Cela, No mundo há cerca de 100 GW em usinas enquanto que o Brasil ainda responde por apenas 0,02% desse montante. Ela não contabiliza nesse volume a quantidade de projetos já cadastrados na Aneel, que está em 2,7 GW. Nesse volume estão os 241,9 MW que a Renova tem cadastrados na agência reguladora. Segundo Molinari, a empresa está preparada para colocar esses projetos em um eventual leilão que possa ser realizado pela Aneel em futuro próximo. Ele destaca que os sites onde estão os parques solares contam já com infraestrutura de conexão, logísitica e mão de obra por estarem em região próxima aos parques eólicos da companhia. A geração distribuída tambem possui forte potencial nesse segmento. Para Molinari, o Inova Energia é uma iniciativa que pode colocar a indústria nacional para iniciar a tecnologia local para o setor. Ao ocorrer esse momento, explicou a fonte teria como competir fortemente e sem a necessidade de subsídios. Atualmente, disse ele, a realidade da solar muito próxima para ser uma fonte competitiva como a térmica a gás natural. Na avaliação de Jon Segovia, executivo da espanhola Solarpack, disse que a questão de financiamento tem se mostrado um grande problema em função da exigência de bancos em que o empreededor tenha contratos de longo prazo e com PPA de pelo menos 20 anos. Segundo ele, há gente interessada em realizar os investimentos no segmento solar, mas há limitações em relação ao tamanho dos projetos porque a grande escala depende da inciciativa de governos para a realização de leilões. Contudo, para colocar projetos no grid há dificuldades que são bem conhecidas dos empreendedores brasileiros, entre elas, a questão fundiária uma das maiores dificuldades do setor. Segundo Roberto Devienne Filho, da Solatio Energia, o licenciamento ambiental também é um ponto que imputa dificuldades ao setor. Outros pontos são a obtenção de financiamento e a disponibilidade de mão de obra já que o país ainda está dandos seus primeitros passos no segmento de solar. Outra forma de baratear o custo é a desoneração dos equipamentos no futuro. O executivo da Solatio disse que o custo brasil tem que cair para ajudar o setor. Em adição a essa posição, Eliano Russo, diretor de Renováveis da MPX E.On, lembrou que a regulação do setor no país precisa ser definida e avançar no sentido de incentivar os empreendedores. (Maurício Godoi)