Leilões vão testar preços e apetite dos investidores

O governo de Pernambuco vai promover o primeiro leilão estadual de energia nova, no qual serão ofertados contratos de fornecimento de energia solar para consumidores do mercado livre (comércio e indústria). A iniciativa é bem-vista pelos empreendedores de energia solar, que tentam convencer o governo a conceder incentivos para o desenvolvimento do setor no país. Segundo Eduardo Azevedo, secretário de energia da Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos de Pernambuco, o governo dará crédito de ICMS para as empresas que comprarem energia solar. O edital do leilão será divulgado nos próximos dias e o objetivo é viabilizar a instalação de uma indústria solar no Estado, assim como ocorreu com a indústria eólica. A expectativa, afirma Azevedo, é que o preço máximo para energia solar fique em torno de R$ 250 por MWh. O valor seria bem superior ao que é pago atualmente para a geração eólica, que foi vendida por R$ 110 por MWh no último leilão do governo federal, em agosto. Devido à falta de empreendimentos, o preço da energia solar ainda é uma grande incógnita no Brasil. A solar fará, pela primeira vez, parte dos dois leilões de energia nova que serão realizados pelo governo federal, um em novembro e outro em dezembro. Se espera que os certames deem uma referência de preços para os investidores. Mas a expectativa do mercado é que o governo federal continue jogando os valores para baixo, forçando as usinas solares a competir com os parques eólicos. O governo não pretende fazer com os consumidores tenham de pagar mais pela conta de luz, principalmente depois de ter reduzido em 70% as tarifas das hidrelétricas cujas concessões foram renovadas. O diretor da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), José Carlos de Miranda, surpreendeu o mercado na semana passada ao declarar, durante uma conferência em São Paulo, que já existem projetos de energia solar que preveem um preço de R$ 165 por MWh. Segundo ele, foram entregues ao órgão orçamentos com esse valor. Fontes do setor, porém, consideram esse custo inviável. Segundo um representante, um patamar de R$ 165 por MWh só seria possível em empreendimentos solares associados, por exemplo, a parques eólicos ou que já levem em conta financiamentos do BNDES. Hoje, os parques solares não podem solicitar empréstimos do banco estatal porque os equipamentos são importados e não atendem à exigências de conteúdo nacional do governo. (Cláudia Facchini)