Mercado livre passará por ano difícil com cenário de preços altos, avalia Abraceel

Se as atuais perspectivas de afluências persistirem, térmicas permanecerão ligadas e preços serão elevados em 2013. O presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia, Reginaldo Medeiros, avalia que 2013 será um ano complexo para o mercado livre. Isso porque, além de começarem a vigorar as regras previstas na Medida Provisória 579, em que toda a energia barata das usinas amortizadas irá para o mercado cativo, as perspectivas para o mercado de curto prazo são de preços elevados. Com os baixos níveis dos reservatórios, as térmicas permanecerão ligadas por mais tempo, o que impacta diretamente o Preço de Liquidação de Diferenças, que fechou em R$ 550/MWh para a semana de 4 a 11 de janeiro. "A perspectiva que se tem para esse ano, a princípio, se persistir a situação atual de afluências, é de preços altos. As térmicas vão gerar bastante", comentou o executivo em entrevista à Agência CanalEnergia. A geração termelétrica, além de ter um preço mais elevado, gera Encargo do Serviço do Sistema quando as usinas são despachadas fora da ordem de mérito, o que afeta imediatamente o mercado livre. Os consumidores cativos, lembra Medeiros, são impactados apenas após o reajuste tarifário das distribuidoras. Medeiros diz ainda que além da perspectiva de preços altos ao longo de 2013, os consumidores livres sentirão ainda os efeitos da MP 579. "Está entrando uma quantidade enorme de energia a preços menores no mercado cativo, devido ao esquema de cotas previsto na MP e isso é um problema para o mercado livre", apontou. Além disso, segundo o executivo, algumas empresas que tinham concessões até 2015 venderam energia no ACL e vão ter que recompor o lastro. "E isso vai acontecer num cenário de preços altos", analisou. Ele lembrou que em 2008 o setor elétrico viveu um cenário parecido com o atual e na época foram leiloadas várias térmicas que poderiam estar dando um reforço para o sistema nesse momento. "Agora, a partir de janeiro de 2013, o sistema deveria ter mais 7 mil MW de térmicas e isso acabou não acontecendo", comentou. No leilão de 2008, a Bertin vendeu energia de diversas térmicas que acabaram, em sua maioria, não saindo do papel. Algumas foram vendidas para outras empresas, mas o cronograma ficou comprometido. "É claro que o nosso caso aqui é sempre um problema de hidrologia, mas que tem a ver com um problema de capacidade instalada também", frisou. (Carolina Medeiros)