Microgeração direcionará demanda por painéis solares no curto prazo

Aposta é da Brasil Solair, que inaugura em novembro sua fábrica em João Pessoa (PB) em um investimento de R$ 20 milhões. Apesar de o governo federal ter aberto, pela primeira vez, os leilões de energia nova para a fonte solar, a conjuntura do setor elétrico deverá excluir essa forma de geração da disputa. A expectativa no curtíssimo prazo é de que a microgeração e a geração distribuída são os caminhos a serem seguidos no país, pelo menos até 2014. O preço dessa energia, associado aos problemas com financiamentos e o alto nível de conteúdo importado ainda dificultam a efetiva entrada da solar no mercado brasileiro. Mas a tendência é de que o mercado solar possa alavancar seu crescimento nos próximos anos. Essa é a avaliação de Nelson da Silveira, presidente da Brasil Solair, empresa que atua no mercado privado de mini e microgeração com base nas fontes solar e eólica. Com esse horizonte imediato, a companhia tem como plano continuar a atuar nesse segmento com projetos privados como um piloto que está desenvolvendo no município de Juazeiro (BA). Na localidade a empresa está instalando equipamentos em residências do programa federal Minha Casa, Minha Vida. De acordo com o executivo a microgeração em diversas unidades é uma forma de levar a uma geração de renda adicional às famílias. Isso, diz ele, pode ser um vetor de transformação social, principalmente às famílias de baixa renda, tanto na cidade quanto no campo. A Brasil Solair está se preparando para atender a demanda desses equipamentos com fabricação própria. A companhia deverá inaugurar no mês de novembro sua primeira fábrica, em João Pessoa (PB), resultado de um investimento de R$ 20 milhões e que terá capacidade de produzir paineis suficientes para gerar 30 MWp. "Essa é a primeira fase do projeto, temos a previsão de expansão da unidade em um futuro próximo", disse Silveira. Por enquanto, afirmou o executivo à Agência CanalEnergia, a atuação da empresa deverá estar focada no mercado privado, pois a perspectiva de que a solar consiga vender energia nos leilões ainda é remota. Apesar disso, a companhia também se organiza para participar da disputa por meio de uma fazenda solar de 30 MWp de capacidade que possui a autorização de exploração e que fica no estado do Ceará. E as perspectivas para o mercado privado, continua Silveira, são positivas. Um dos motivos tem como base a REN 482/2012 da Aneel que estabeleceu as bases para a microgeração distribuída. A partir desse ano essa fonte pode ser utilizada como uma forma de geração de renda para famílias, principalmente em regiões muito pobres da região Nordeste. "O sol é o passivo social no Nordeste, uma importante parcela da população sofre com a seca e com os equipamentos solares, esse fator pode se reverter e se tornar o ativo daquela região", analisou Silveira para quem o problema do setor não se trata do tributário, pois está claro que a decisão do Confaz não se sustenta porque não haveria o gerador do ICMS para justificar a cobrança estadual. O problema atual, relata ele, está na falta de linhas de crédito com juros subsidiados e a redução da tarifa de energia promovida pela MP 579, que aumentou o tempo do retorno do investimento. Além disso, outro fator a se observar e que pode agravar esse retorno é a tarifa da distribuidora local. Quanto mais elevada a tarifa, menor o tempo que se leva para compensar o investimento. No sentido inverso, em regiões onde a tarifa do ACR é mais baixa a microgeração se torna menos atraente. Porém, há outros dificultadores, como a qualidade da rede e as normas das distribuidoras. Para ele esse mercado de geração em casas deverá se manter forte porque ainda está em uma fase bem inicial, praticamente de teste das normas das distribuidoras. Ao passo que se conhecer mais e melhor o comportamento do mercado a tendência é de que a demanda cresça, sendo até maior que a demanda de grandes geradores e suas fazendas solares que podem ser negociadas nos futuros leilões da Aneel. (Maurício Godoi)