Mitsui quer crescer em energia no Brasil

Gigante japonesa, com negócios em mineração, petroquímica e concessões de infraestrutura, enxerga o País como um dos mercados para aumentar suas operações. O setor elétrico brasileiro está prestes a ganhar um novo player de peso no mercado. A gigante japonesa Mitsui, com negócios em áreas distintas como mineração, petroquímica e concessões de infraestrutura, enxerga o Brasil como um dos mercados prioritários para expandir as suas operações. Energia é a área que surge com o maior potencial de crescimento, dada a necessidade de investimentos na expansão da oferta. "Em nosso plano de negócios, temos oito países prioritários e o Brasil é um deles", informou o diretor do Departamento de Planejamento Estratégico da Mitsui no Brasil, Kentaro Yabe. Hoje, a companhia está presente em 67 países nos cinco continentes. Discretamente, a Mitsui vem consolidando sua presença no setor elétrico brasileiro. No fim do ano passado, a companhia adquiriu, em parceria com a Tokyo Gas, a brasileira Ecogen, companhia líder em projetos de cogeração para shoppings centers, indústrias e edifícios comerciais, com capacidade instalada de 130 megawatts (MW). O passo mais ousado ocorreu em maio deste ano, quando a Mitsui anunciou acordo com a GDF Suez para comprar 20% de participação acionária na hidrelétrica Jirau, do Rio Madeira (RO). O investimento marcou a entrada da japonesa na área de geração de energia na América do Sul. "A hidreletricidade é uma das infraestruturas mais importantes para o governo brasileiro e acreditamos que seja uma área que podemos contribuir para o País", afirmou Yabe. A estimativa é que a Mitsui pagou R$ 1,14 bilhão para se tornar uma das sócias de Jirau, uma vez que o negócio tomou como base um valor de equity de R$ 5,7 bilhões, segundo a GDF Suez. "Essa operação tem como objetivo fortalecer nossa parceria com a GDF Suez", diz o executivo. A hidrelétrica tem capacidade instalada de 3,750 mil MW e está prestes a colocar a primeira turbina em operação comercial. Em termos globais, o executivo revelou que a Mitsui tem planos de ampliar a sua capacidade instalada na área de geração entre 10 mil MW e 12 mil MW nos próximos três a cinco anos. O Brasil deve contribuir para o cumprimento da meta. "Se existirem bons projetos, nós temos interesse em investir. Neste momento, estamos focados no fechamento da operação de Jirau", explicou Yabe. Uma das possibilidades de investimento em avaliação são os projetos térmicos, mas não há decisão. "Estamos conduzindo estudos gerais. Não há nenhum projeto em curso neste momento", assegurou. Olhando o portfólio de projetos operados pela Mitsui, notase que a empresa tem experiência em diversas fontes de energia. Ao final de março, a empresa estava envolvida em uma série de projetos ao redor do mundo com capacidade instalada de 26 mil MW - ou 5,9 mil MW, considerando apenas a fatia acionária detida pela Mitsui nas usinas. Em termos de fontes, o gás natural representava 48% da energia produzida pela empresa, o carvão, 32%; hidrelétricas, 12%; e fontes renováveis de energia (solar, eólica e biomassa), 8%. Boa parte dos empreendimentos está localizada na América do Norte, na Austrália e na Ásia. Yabe admite que as recentes mudanças regulatórias no setor elétrico brasileiro preocupam e geram incertezas, mas o executivo disse que a Mitsui tem uma visão de longo prazo e reforçou a importância do Brasil em seu plano de crescimento. "Historicamente, a Mitsui tem sido bastante ativa em sua atuação no País", lembrou. A Mitsui vem construindo sua história no Brasil desde 1938. Nesse tempo, tornou- se acionista, em mineração, de Vale, Alunorte e Albras e da Via Quatro, concessionária da linha 4 do metrô de São Paulo. É também fornecedora de equipamentos Petrobras e tem acordo com a Dow para produzir petroquímicos verdes na usina de açúcar e álcool Santa Vitória, em Minas Gerais. Gás natural Outra área de atuação no País é o setor de gás natural. Detém participação acionária em sete empresas estaduais de distribuição, dentre as quais a Bahiagás (BA), a Compagás (PR) e a SCGás (SC). As participações estão reunidas na Mitsui Gás Brasil e foram compradas em 2006 da massa falida da norte-americana Enron no Brasil. De acordo com Yabe, a Mitsui tem planos de crescer no segmento. Adicionalmente, o executivo revelou que a companhia analisa a possibilidade de participar da 12ª Rodada de Licitação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que se concentrará no desenvolvimento das reservas de gás natural onshore (em terra) do País. "Ainda não está certo se iremos participar da licitação, mas estamos estudando." A companhia produz óleo e gás em outros países, inclusive o shales gas (gás de xisto) nos Estados Unidos nas bacias de Marcellus e Eagle Forte. Caso avance na produção de gás no Brasil, o executivo ponderou que a empresa ainda não tem opção definida para a destinação do insumo. Contudo, mencionou que a Mitsui desenha sua estratégia olhando a extração de sinergias nos diversos tipos de negócios. "É prematuro falar sobre isso, já que não temos um plano concreto, mas, como conglomerado, temos diversos negócios, como geração de energia, fabricação de aço e produção de petroquímicos. Buscamos extrair as sinergias. (Wellington Bahnemann - Agência Estado)