Novo preço entra em fase de teste

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) começou, na semana passada, a testar duas metodologias distintas para calcular o "novo" Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), ou o preço da energia elétrica no mercado disponível. É esperado que a fórmula escolhida pelos técnicos do governo federal entre em vigor em agosto ou setembro, afirma Luiz Eduardo Barata, presidente da CCEE, em entrevista ao Valor PRO, serviço em tempo real do jornal Valor. O novo modelo também tende a fazer com que os preços de referência para a energia elétrica fiquem mais altos, apesar dos esforços do governo federal para reduzir as tarifas de eletricidade. Com as mudanças, o PLD passará a incorporar o acionamento das usinas térmicas mais caras. Hoje, as despesas com essas unidades de geração de energia, bem mais caras que as hidrelétricas, por exemplo, são cobradas "por fora", por meio de um encargo específico, o ESS (Encargo de Serviços do Sistema). Com a entrada em vigor do "novo" PLD, o ESS deixa de existir. Os custos com a geração térmica passarão a estar refletidos nos preços spot, o que, na avaliação de analistas do setor, fará com que o mercado fique mais realista. Com as regras atuais, as despesas com as usinas térmicas estão escondidas no ESS. O PLD é utilizado na liquidação mensal de posições compradas e vendidas na CCEE. "É impossível prever quanto o PLD irá subir com a nova metodologia", diz Barata. Os geradores sempre apoiaram uma alteração no PLD, que refletisse os despachos de usinas térmicas, mas criticaram a forma como o governo promoveu as mudanças, sem aviso prévio. Desde abril, o governo adotou um modelo de transição até que uma nova fórmula fosse definida. O país convive hoje com dois PLDs - o convencional e o final, que já inclui custos com as empresas térmicas. Segundo Barata, estão sendo testadas duas metodologias para o 'novo" PLD, que incorporam curvas de aversão ao risco. Uma delas chama-se Valor Condicionado a um dado Risco (CVaR), uma fórmula já utilizada em outros países. A outra chama-se Superfície de Aversão a Risco (SAR) e é um aprimoramento da metodologia que foi desenhada pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel). O novo modelo está sendo desenvolvido pela Comissão Permanente para Análise de Metodologias e Programas Computacionais do Setor Elétrico (CPAMP), com o envolvimento da CCEE, do Operador Nacional do Sistema (ONS), Ministério de Minas e Energia (MME). A previsão é que as usinas térmicas venham a ter uma participação crescente na matriz energética brasileira, hoje altamente dependente das hidrelétricas. Na avaliação do presidente da CCEE, os leilões de energia marcados para o segundo semestre devem atrair investidores. Diferentemente da opção feita até então, o governo decidiu realizar neste ano um leilão específico de térmicas, incluindo usinas a carvão, para projetos que ficarão prontos em cinco anos. As eólicas estarão de fora da disputa e participarão de um leilão específico, no dia 23 de agosto de 2013, para entrega de projetos em 2015. (CF) (Cláudio Facchini)