Petra assume liderança na exploração em terra

Entre as empresas brasileiras que participaram do leilão, a Petra Energia se firmou como a maior operadora brasileira de áreas em terra entre as companhias privadas. Agora a presença dela se estende pelos Estados da Bahia, Maranhão e Piauí. A companhia, que atualmente explora gás na Bacia do São Francisco e é sócia da OGX e MPX no Maranhão, investiu cerca de US$ 50 milhões adquirindo 28 blocos sendo nove nas bacias do Parnaíba, 15 na Tucano Sul e quatro na Pernambuco-Paraíba, esses últimos no mar. A companhia levou sozinha 24 blocos em terra e 70% de quatro blocos no mar, sendo dois com a QGEP e dois com a canadense Niko Resources. Um executivo da companhia explicou que a estratégia repete a de anos anteriores, quando a Petra não chamava tanto a atenção. "Esta Rodada apenas retomou o que sempre fizemos, como na 9ª Rodada, quando ganhamos 70% dos blocos no Parnaíba. Agora estamos ainda mais confiantes no Parnaíba. Nosso time de geólogos também confia muito no Tucano Sul. O caso de Pernambuco-Paraíba, no offshore, foi muito originado pelo Lino Teixeira, geólogo-geofísico da Petra com grande conhecimento nessa bacia e que acredita ter sido o melhor ativo ofertado nesta rodada. Acabou saindo pelo valor mínimo. Ou seja, tivemos sim uma estratégia clara e consistente com nossa história", disse ao Valor um executivo, com o compromisso de não ter seu nome revelado. A Petra era a proprietária original dos blocos que hoje são operados pela HRT e OGX. Foi a Petra quem cedeu espaço nas áreas que tinha no Solimões para a HRT, e posteriormente vendeu os 45% que tinha para a TNK-BP (hoje da Rosneft). Também era dono dos blocos na bacia do Paranaíba, no Maranhão, onde a OGX (de quem ainda é sócia) produz gás e gera energia. Apesar de ter comprado grandes áreas sozinha, a Petra não descarta parcerias, inclusive tecnológica e financeira. Outra estreante a Ouro Preto, de Rodolfo Landim, arrematou dois blocos em terra da Bacia do Parnaíba (que abrange Piauí, Maranhão e Tocantis); e um bloco em águas rasas de Bacia de Barreirinhas, pelos quais pagou R$ 14,8 milhões. A companhia pertence ao empresário Rodolfo Landim, que protagonizou uma disputa judicial com o bilionário Eike Batista após ter sido seu braço direito no grupo EBX, tendo auxiliado Eike a estruturar a petroleira do grupo, a OGX e a OSX. "Demos uma olhada geral nos blocos e concluímos que essas eram as melhores perspectivas dentro do nosso planejamento", disse Dirceu Abrahão, ex-executivo da Petrobras, e atual diretor de Novos Negócios da companhia novata. Ele destacou que, classificada como operadora B, a empresa está restrita pelas regras às áreas em terra, e em águas rasas no mar. A Ouro Preto tem capital inicial de R$ 80 milhões de investidores nacionais, entre eles o empresário Julio Bozano. O fato de a nova empresa ter arrematado dois blocos na mesma área, Parnaíba, na qual a OGX já é produtora, não tem nenhuma relação com o passado dos executivos da nova empresa, segundo assegurou Sergio Possato, diretor-geral da Ouro Preto. Ele afirmou que a opção foi pelo fato de a Bacia do Parnaíba ser promissora em gás, um hidrocarboneto cuja produção está sendo incentivada pelo governo. Possato disse ainda que a empresa foi estruturada pensando na 11ª licitação da ANP, não tendo interesse em investir em outras áreas já licitadas. (Cláudia Schüffner e Chico Santos)