Petrobras produz 2% menos e lucro cai 36% em 2012

A Petrobras divulgou ontem um balanço sem surpresas, pelo menos positivas. Como era esperado, em 2012 a empresa produziu 2% a menos de petróleo do que no ano anterior e registrou queda de 36% no lucro líquido anual, que foi de R$ 21,182 bilhões ante os R$ 33,313 bilhões registrados em 2011. Comparando-se o quarto trimestre com o mesmo período do ano anterior, a Petrobras teve lucro líquido 53,4% maior, de R$ 7,74 bilhões, ante os R$ 5,04 bilhões. Corrigido pela inflação, é o pior resultado operacional num quatro trimestre desde 1999. "Saiu o esperado. É uma pena ver o que fizeram com a Petrobras, privatizaram a empresa, criaram a PTbras e aí esta o resultado. É lamentável ver uma empresa do porte da Petrobras apresentar um resultado desses com o barril de petróleo acima de US$ 100", criticou o economista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE). Ontem à noite os analistas se debruçavam sobre os números para entender o resultado. A reação do mercado na abertura da bolsa de valores hoje não deve ser boa. Às 11h a presidente da Petrobras, Graça Foster, apresenta e comenta o resultado. A receita líquida da companhia subiu 12,5%, para R$ 73,4 bilhões, no quarto trimestre de 2012 frente o mesmo período de 2011. Na comparação com o terceiro trimestre de 2012, houve queda de 1%. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) caiu 15% no quarto trimestre de 2012 frente ao mesmo período de 2011, para R$ 11,94 bilhões, surpreendendo alguns analistas mais pessimistas. Colocar em prática a política de preços do governo que obriga a estatal a subsidiar a gasolina e diesel para conter inflação custou R$ 22,93 bilhões em 2012. Esse foi o prejuízo da área de Abastecimento da companhia, resultado maior que o prejuízo da área em 2011, de R$ 9,95 bilhões. O maior prejuízo em 2012, segundo a petroleira, foram causados pelo aumentos nos custos com aquisição e transferência de petróleo e importação de derivados, refletindo a depreciação cambial, e a maior participação de derivados importados no mix das vendas. No quarto trimestre do ano do ano passado, a área de Abastecimento teve prejuízo de R$ 5,65 bilhões, resultado igual ao apresentado no terceiro trimestre de 2012. A importação de derivados de petróleo pela Petrobras no quarto trimestre de 2012 alcançou 505 mil barris/dia. O volume representa uma alta de 28,2% em relação ao total importado pela estatal em igual período do ano anterior. No quarto trimestre de 2012, as vendas de gasolina no país cresceram 11,51% em relação a igual período de 2011, totalizando 610 mil barris/dia. Na mesma comparação, as vendas de diesel avançaram 8,95%, para 986 mil barris/dia. Já a importação de petróleo recuou 20,8% no quatro trimestre de 2012, em comparação ao período de outubro a dezembro do ano anterior, totalizando 301 mil barris/dia. Na área internacional, a Petrobras fez uma baixa contábil no valor de R$ 464 milhões no resultado do quarto trimestre referente ao investimento na refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Segundo a companhia, a redução no valor recuperável (impairment) desse investimento se deve a uma "revisão das projeções do fluxo de caixa" da unidade. A empresa também fez baixas no valor de R$ 294 milhões relacionadas "principalmente a campos de produção de petróleo e gás natural no Brasil". Por outro lado ela reverteu ajustes negativos que tinha feito em exercícios anteriores também referentes a campos de exploração no brasil, no valor de R$ 224 milhões (que entram com efeito positivo para o resultado). Houve uma reversão de "impairment" de R$ 276 milhões ligada ao Complexo Petroquímico de Suape. Considerando baixas e reversões, a conta de "impairment" foi negativa em R$ 280 milhões no ano, ante uma perda de R$ 660 milhões em 2011. As baixas de poços secos cresceu 124%. (Cláudia Schüffner, Rodrigo Polito, Marta Nogueira e Fernando Torres) ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Produção de etanol da PBio em 2013/14 deve aumentar 29%. A Petrobras Biocombustível (PBio) trabalha com o cenário de uma safra de cana-de-açúcar maior e melhor no ciclo 2013/14. A empresa, com as coligadas Guarani, Nova Fronteira e Total, prevê moer 25,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na atual safra, alta de 18% ante as 21,8 milhões de toneladas do ano anterior. No etanol, a meta é produzir 1,06 bilhão de litros com as parceiras nesta safra, 29% a mais do que os 822 milhões de litros da safra 2012/13. O aumento vai ser determinado por uma safra maior e pela qualidade do canavial em termos de ATR (açúcar contido na cana), disse Miguel Rossetto, presidente da PBio. Ele afirmou que houve dois movimentos nas coligadas: renovação e expansão dos canaviais. As duas ações compreenderam área total de 60 mil hectares. Rossetto afirmou que, em 2012, problemas climáticos reduziram o teor de ATR na cana. "Tivemos margens menores em 2012, em especial pelo custo maior na produção de etanol", afirmou. Agora o executivo mostra-se otimista: "Achamos positivo o cenário de 2013." Citou como exemplo o aumento de 20% para 25% na mistura de etanol à gasolina, a partir de 1º de maio. O novo percentual de mistura amplia o mercado para o produto, previu. E acrescentou que o reajuste de 6,6% no preço da gasolina, na semana passada, tem outro efeito importante: "Cria espaço importante para uma eventual recuperação de margem." Questionado sobre o impacto do aumento no preço da gasolina sobre a rentabilidade do etanol, afirmou: "Melhora condições de margem, preço e volume." Deixou claro, porém, que a rentabilidade vai ser determinada, ao longo do ano, em função do custo de produção. Rossetto afirmou ainda que o governo, além de sinalizar com iniciativas importantes como o aumento da mistura na gasolina, vem dialogando com o setor para permitir uma recuperação do etanol na matriz energética brasileira. "É um ano que começamos com um ambiente favorável e quero crer, embora ainda estejamos aguardando outras definições, que recria uma situação favorável ao investimento", disse Rossetto. Na avaliação dele, o setor vive um período de maior estabilidade com uma safra nova entrando, existência de estoques reguladores e garantia de abastecimento na entressafra. Citou também a possibilidade de antecipação de parte da safra: "Trabalhamos com previsão de duas usinas da Guarani anteciparem o início da moagem para março", previu. A PBio e suas coligadas controlam nove usinas. A Petrobras Biocombustível tornou-se sócia da Guarani, subsidiária da Tereos Internacional, com usinas em São Paulo, em 2010. Um ano antes, a estatal tinha marcado a entrada da companhia na produção de etanol por meio de uma parceria com a Total. A Total possuiu usina em Minas Gerais no município de Bambuí. Outro movimento da PBio, em termos de associação, foi a parceria com o grupo São Martinho, culminando na criação da Nova Fronteira Bioenergia, com projetos em Goiás. Rossetto não quis falar sobre novas aquisições no setor, mas afirmou que a agenda de crescimento da PBio em etanol combina três estratégias: projetos novos ("greenfield"), expansões e aquisições. (Francisco Góes)