Potencial do uso do gás natural para cogeração é grande em SP, diz Cogen

Um mapeamento feito pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), obtido a partir dos dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), mostra que o Brasil possui em operação uma potência instalada de cogeração da ordem de 11,5 mil MW. O Estado de São Paulo responde por 40% desse total, ou 4,6 mil MW. "O potencial de expansão do gás natural em cogeração é muito grande no Estado de São Paulo", disse ao Valor Sérgio Silva, presidente da Cogen. "Cogeração representa modernidade. É uma solução inteligente para abastecimentos para centros comerciais e shoppings, por exemplo, o que pode dar um alívio à rede", afirmou Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). A cogeração de energia a partir do gás natural ganha espaço como o grande mercado consumidor de gás a ser desenvolvido, considerando o potencial de crescimento nas atividades produtivas em São Paulo, nos segmentos de consumo industrial, comércio e serviços, de acordo com o levantamento. Isso se deve à capacidade de ancorar o aumento do consumo e a expansão das redes de distribuição, promovendo a eficiência energética e a competitividade econômica nos setores produtivos, incorporando os efeitos positivos da autoprodução e da geração descentralizada de energia elétrica no Estado de São Paulo. "Não há restrição de oferta de gás natural no Estado de São Paulo. O gás natural é uma opção real e concreta para cogeração", afirmou Silva. Pelo levantamento, há um potencial de produção de 1 GW de energia a partir de unidades descentralizadas (gás natural e biomassa) para prédios comerciais e indústrias. Atualmente, na área de concessão da Comgás, há cerca de 150 MW instalados de cogeração qualificada em 25 unidades presentes em indústrias, comércio e serviços - o suficiente para abastecer uma cidade de cerca de 600 mil habitantes. Os resultados dos estudos da Cogen indicaram um potencial de referência para cogeração a gás natural no Estado da ordem de 1.592 instalações, dos quais 408 na indústria (25%) e 1.184 nos setores de comércio e serviços (75%), compostos por shoppings, hotéis, centros comerciais, hospitais, entre outros. Esse potencial estimado resulta em uma capacidade instalada de 3.471 MW, o que levaria a um consumo de gás natural da ordem de 19 milhões metros cúbicos por dia, 87,6% dos quais localizados na indústria e 12,4% nos setores comercial e serviços. Para Adriano Pires, o preço do gás natural ainda não viabiliza a cogeração. "Em um cenário no qual a energia elétrica teve seu custo reduzido e o etanol teve redução de PIS/Cofins, por exemplo, o gás natural é a matriz que apresenta preços de mercado", disse. "Na área de concessão da Comgás, por exemplo, o gás natural poderia ser usado para abastecer aeroportos", disse Pires, acrescentando que faltam políticas públicas para o estímulo dessa matriz energética. A Cogen tem levado propostas às esferas do governo federal para estimular o uso da matriz energética, afirmou Silva. (Mônica Scaramuzzo)