Primeira licitação do pré-sal terá uma só mega-área e será em outubro

Uma estimativa mais precisa e muito mais otimista sobre o potencial de reservas no prospecto de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, fez o governo antecipar a primeira licitação no modelo de partilha, de novembro para outubro. A diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, informou que o leilão terá uma única área ofertada, Libra, reservatório de cerca de 1,5 mil quilômetros quadrados com uma coluna de 326 metros de óleo leve, com 26 graus na escala do American Petroleum Institute (API). De acordo com a ANP o potencial estimado de óleo "in situ" (volume total de óleo na área) de Libra é de 26 bilhões a 42 bilhões de barris, bem acima dos 18 bilhões de barris da última estimativa do órgão. Para efeito de comparação, o total de reservas provadas de petróleo do Brasil, segundo a ANP, é de 14,5 bilhões de barris. Apenas a Petrobras, pelo mesmo critério da agência, tem reservas provadas de 13,7 bilhões de barris. "Eu tenho mais de 30 anos na indústria do petróleo e nunca vi ninguém licitar algo parecido. Uma coisa desse porte vai chamar a atenção do mundo todo", disse Magda. "Isso aqui é para gente grande", completou, ressaltando que espera a presença de todas grandes petroleiras mundiais. O edital com as regras do primeiro leilão do pré-sal sairá em junho. O local do leilão também deve ser alterado, do Rio para Brasília, para ter a presença da presidente Dilma Rousseff. A nova estimativa de reservas de Libra foi obtida com uma interpretação feita pela ANP, a partir de resultados da perfuração de um poço e na última sísmica feita pela CGG Veritas. "Se estimarmos uma recuperação de 30%, teremos um prospecto de Libra capaz de produzir de 8 a 12 bilhões de barris de petróleo", afirmou Magda. "Libra é uma coisa muito diferente do que tínhamos até agora. Só para ter uma ideia, o campo de Marlim, maior produtor do Brasil, tem volume recuperável de 2 bilhões de barris", completou. De acordo com Magda, os contratos de concessão dos vencedores terão prazo de 35 anos, improrrogável. O prazo, diz, vai estimular o desenvolvimento mais rápido da área. A 12ª Rodada, que ofertará áreas com potencial de descobertas de gás natural, foi adiada de outubro para novembro. O presidente da francesa Total no Brasil, Denis Palluat de Besset, disse que espera mais detalhes, observando que a indústria esperava também a oferta de prospectos de menor tamanho, também mapeados e que poderiam também ser oferecidos. "Vamos ver as condições oferecidas pelo governo, depois vamos estudar o edital e ver o bônus que o governo vai fixar. É uma jazida já descoberta e é preciso uma avaliação, já que nunca houve uma oferta desse tamanho no mundo", disse Besset. Magda disse que, devido ao potencial de volume de petróleo no polígono do pré-sal, licitações desse tipo não deverão ser anuais. Provavelmente os leilões serão a cada dois anos e o segundo só deve ser entre 2015 e 2016. No leilão de outubro, os concorrentes terão que fixar um bônus por assinatura, um valor de programa exploratório mínimo e um percentual de compromisso de conteúdo local. Magda não quis comentar as metas de conteúdo local para o leilão do pré-sal, mas ressaltou que os percentuais mínimos utilizados na cessão onerosa da Petrobras foram muito parecidos com os ofertados pelas petroleiras para os blocos em águas profundas na 11ª Rodada, na última semana. Segundo ela, o conteúdo local ofertado para essas áreas foi da ordem de 37% na fase de exploração e de 55% na etapa de desenvolvimento da produção. Pela lei, a Pré-sal Petróleo S A (PPSA) entrará como operadora, com 30% de participação em Libra após o resultado da licitação. (Rodrigo Polito e Cláudia Schüffner)