Região enfrenta apagões de energia elétrica

Problema vem do avanço no consumo e da falta de água nos reservatórios; Estados buscam outras fontes, como a eólica. Danos na rede de transmissão de energia provocados por queimadas em uma fazenda no Piauí deixaram sem energia por cerca de duas horas e meia, em média, os nove Estados do Nordeste, no fim de agosto. O fogo teria se aproximado de linhas de transmissão por causa do acúmulo de vegetação, em áreas sob responsabilidade das concessionárias. O apagão foi o primeiro de grandes proporções no País este ano e deixou 16 milhões de nordestinos sem energia. Mas, entre setembro e dezembro do ano passado, uma série de blecautes deixaram Estados inteiros sem energia. A falha no sistema foi resultado de uma combinação que atinge todos os Estados do Nordeste: crescimento do consumo e falta de água nos reservatórios. As barragens das usinas hidrelétricas do Nordeste encerraram agosto no nível mais baixo dos últimos 10 anos para esse mês. Os reservatórios de Sobradinho e Três Marias, que respondem por quase todo o abastecimento da região, estavam com apenas 36% da capacidade. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) calcula que a perda de energia nesse último apagão foi de 10.900 mega-watts. Todas as capitais nordestinas viveram situações caóticas, com problemas no trânsito e paralisações na indústria. A situação nas maiores cidade s da região ficou mais complicada pelo fato de o apagão ter acontecido bem próximo do horário de pico, quando as pessoas deixam o trabalho. Em Salvador, o efeito mais visível estava nos grandes engarrafamentos - todos os semáforos ficaram apagados. No Polo Industrial de Camaçari, na região metropolitana, funcionários foram liberados de algumas fábricas, por medida de segurança. No Ceará, foram 99 minutos de apagão, que deixou sem energia mais de 8 milhões de habitantes. Hospitais e aeroportos mantiveram as atividades com o uso de geradores. Fontes alternativas. Essa situação leva as autoridades a buscar formas de ampliar a oferta e reforçar os investimentos em fontes alternativas, com destaque para a energia eólica. No Ceará, conhecido como "a Terra da Luz", foram investidos cerca de R$ 2 bilhões para implantar 17 parques de energia eólica, colocando o Estado em primeiro lugar no ranking em potência instalada oriunda dos ventos -35% da potência nacional é gerada no Ceará, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica. O Estado ainda é pioneiro na produção de energia das marés. No Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, funciona uma usina. O protótipo, apesar de gerar pouca energia, 100 KW (o suficiente para o consumo de 60 famílias), é o primeiro da América Latina. O governo cedeu o espaço para a pesquisa que poderá representar novos investimentos. A movimentação de bóias flutuadoras gera energia, que aciona bombas, gerando a energia acumulada em baterias. A constância das marés existente no Estado propicia um aproveitamento melhor do que a implantação de equipamento semelhante em locais com ondas mais altas, porém inconstantes. A energia gerada pela maré será consumida no Porto do Pecém. A expectativa é chegar em 2014 com mais de 1.200 MW de energia oriunda de fontes renováveis. (Lauriberto Braga - Especial Nordeste)