Risco de racionamento de energia cai pela metade, calcula PSR

Com dados do Programa Mensal da Operação de fevereiro, consultoria estima em 4,3% a possibilidade de ocorrer um cenário adverso em 2013. A consultoria PSR divulgou nesta segunda-feira, 4 de fevereiro, novas estimativas acerca do risco de o país precisar decretar um racionamento de energia ao final do período úmido, ou seja, depois de abril. Em seu novo Energy Report (o estudo pode ser adquirido aqui), referente ao mês de janeiro, a empresa calculou em 4,3% a possibilidade de o governo precisar tomar alguma medida no sentido de restringir o consumo de energia elétrica. No início de janeiro, a equipe técnica de Mário Veiga, presidente da companhia, estimou o risco em 9%. Para fazer a avaliação, a PSR utilizou os dados do Programa Mensal da Operação (PMO) de fevereiro, elaborado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico. Neste documento, as previsões da Energia Natural Afluente (ENA) para o segundo mês do ano estão maiores do que aquelas verificadas em janeiro. Esse parâmetro contribuiu bastante para a redução da probabilidade de racionamento. O operador espera que a ENA no Sudeste atinja 93% da Média de Longo de Termo (MLT) em fevereiro. No Nordeste, a expectativa é de 70% da MLT. Em janeiro, no Sudeste, a ENA ficou em 82% da MLT, enquanto que no Nordeste o índice atingiu 33%. As estimativas de risco foram feitas sem considerar o que a consultoria classifica como“fatores de fricção”. Estes elementos são a possível ineficiência de produção das hidrelétricas, as restrições operativas da transmissão e outros fatores que levaram a um esvaziamento dos reservatórios, na vida real, bem mais acentuado do que o indicado pelos modelos de simulação, conforme mostrou reportagem publicada pela Agência CanalEnergia, no início de janeiro. “A PSR está finalizando a análise e modelagem destes fatores, e esperamos mostrar seu impacto na análise de risco na edição de fevereiro do Energy Report”, escreve a consultoria no relatório. Em outro trecho do estudo, a PSR afirma que é preciso não confundir o risco, que informa a probabilidade dos possíveis resultados, com a realização efetiva dos cenários hidrológicos. As simulações foram feitas a partir dos volumes armazenados nos reservatórios no início de janeiro de 2013. Foram gerados 2.000 cenários de vazões afluentes de janeiro até o fim de abril. Os dados de geração, transmissão e demanda foram os do PMO para janeiro. O modelo de simulação utilizado foi o SDDP , desenvolvido pela PSR, que representa em detalhe (“usinas individualizadas”) as usinas hidrelétricas, termelétricas e renováveis (biomassa, eólica etc.) e as restrições de transmissão. Nesta simulação, a PSR supôs que todas as usinas termelétricas previstas no PMO estariam acionadas em sua capacidade máxima até o final de abril. “Esta premissa segue as declarações do diretor-geral do ONS sobre o tema, e representa adicionalmente uma visão conservadora sobre a segurança de suprimento, pois este acionamento maximiza o enchimento dos reservatórios”, afirma a consultoria no Energy Report. Para cada um dos 2.000 cenários hidrológicos, o resultado da simulação é um conjunto de volumes armazenados ao final de abril. Para cada conjunto de volumes, a PSR aplicou em seguida um modelo de otimização (chamado Risk) cujo objetivo é verificar se um racionamento seria decretado, naquela situação, a partir de maio. “As premissas do modelo Risk são que todas as térmicas permanecem acionadas no máximo de maio até novembro; e as vazões de maio a novembro são relativamente secas (porém não tão severas quanto as mais secas do histórico). Finalmente, se o armazenamento ao final de novembro for superior a 10% (limite mínimo para que o sistema hidrelétrico não perca a controlabilidade), considera-se que não seria decretado racionamento para aquele cenário. Caso contrário, considera-se que o racionamento seria decretado”, explica o relatório. (Milton Leal)