Rolls-Royce mira negócios do pré-sal

Rolls-Royce mira em fornecedor. A perspectiva de crescimento da produção de petróleo no Brasil colocou o país como um dos mercados prioritários para a britânica Rolls-Royce. "Poderão haver obstáculos no caminho, mas quando olhamos onde será a próxima onda de expansão na exploração em águas ultraprofundas, o Brasil e o Golfo do México claramente dominam", disse ao Valor o presidente global da divisão marítima da britânica Rolls-Royce, Tony Wood. O executivo reforçou o compromisso da empresa com o crescimento das operações no país. E deixou claro que a Rolls-Royce avança no plano de desenvolver a cadeia de suprimentos no mercado brasileiro, trabalho no qual definiu a meta de comprar de fornecedores locais, nos próximos dez anos, US$ 1,5 bilhão em componentes e equipamentos utilizados pelas diferentes áreas de negócios da companhia, em especial os setores marítimo e de energia. A empresa formou uma equipe de compras com 25 pessoas que vem trabalhando junto aos potenciais fornecedores. "Estamos fazendo uma análise de Norte a Sul do país e identificamos empresas que acreditamos têm capacidade de ser nossos fornecedores", disse Wood. Na área marítima, a Rolls-Royce tornou-se referência em barcos "offshore", as embarcações que prestam serviços às atividades das plataformas de petróleo. Neste segmento, a empresa britânica tem participação de 40% nos barcos construídos no Brasil. Essa fatia de mercado foi conquistada a partir de portfólio que inclui pacote de bens e serviços. O leque de produtos inclui desde o design dos barcos até os principais sistemas operacionais (elétricos, de automação e controle, de geração e de propulsão). A britânica também é forte na área de serviços, que responde por cerca de 40% das vendas da divisão marítima. A Rolls-Royce tem um centro de serviços para a área marítima em operação em Niterói (RJ). Wood mostrou-se confiante com a retomada das licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que criam demanda para bens e serviços para a indústria de petróleo e gás. A 11ª Rodada será em maio. A perspectiva da Petrobras, de duplicar a produção de petróleo, também anima a empresa britânica. Em meados da década passada, a Rolls-Royce enfrentou dificuldades para desenvolver fornecedores locais no Brasil, mas Wood entende que esses problemas podem ser superados a partir de uma parceria de longo prazo. "Há muito trabalho a fazer", reconheceu Wood. A Rolls-Royce tem cadeias de suprimento que fabricam equipamentos similares em outras partes do mundo e, no Brasil, será preciso garantir idêntica qualidade pelos fornecedores. Wood disse que a empresa apoia a política de conteúdo nacional do governo brasileiro e afirmou que nas encomendas contratadas os índices de bens e serviços locais serão crescentes. Francisco Itzaina, presidente da Rolls-Royce na América do Sul, disse que é importante, porém, que a política de conteúdo nacional permita às empresas atender a demanda doméstica garantindo ao mesmo tempo competitividade para exportar. Wood esteve no Brasil, semana passada, para participar de reunião do comitê-executivo da área marítima da Rolls-Royce. Ele encontrou-se com clientes e fornecedores e visitou o andamento das obras da Rolls-Royce no bairro de Santa Cruz, zona Oeste do Rio, onde a empresa começou plano de investimentos de US$ 200 milhões em projetos ligados ao pré-sal. O primeiro investimento, de US$ 100 milhões, inclui fábrica de montagem e testes de conjuntos de geração elétrica usados em plataformas de produção de petróleo e gás. Os testes do primeiro turbogerador começam esta semana. Outros US$ 100 milhões estão programados para serem investidos em uma segunda fábrica, também em Santa Cruz, que fará montagem de motores e sistemas de propulsão para a área marítima. A previsão é entregar as primeiras unidades no último trimestre de 2014. Esse investimento inclui ainda a construção de um centro de treinamento no Rio. (Francisco Góes)