Térmicas serão cada vez mais presentes para regularizar o SIN

Associações apontam que a confiabilidade de despacho é a principal vantagem para a o país diante da maior intermitência da geração eólica, biomassa e até mesmo as novas UHEs a fio d água. A retomada da energia térmica nos próximos leilões de energia deve-se à retomada das conversas do governo com o setor elétrico e a palavra de ordem é a disponibilidade da fonte para entrar em operação. No foco está o aumento da expansão das UHE a fio d' água e que vem reduzindo a capacidade de regularização do sistema elétrico nacional. De acordo com Edmundo Silva, consultor da Abraget, usinas como Santo Antônio (RO - 3.150 MW), Jirau (RO - 3.750 MW) e Belo Monte PA - 11.233 MW) vem trazendo uma preocupação cada vez maior em função das perspectivas de volatilidade da capacidade de geração de energia por essas centrais. Segundo dados apresentados no 10º Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico (Enase), pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico, as usinas do Madeira podem gerar desde 6 mil MW de energia no período úmido enquanto no período seco esse volume seria reduzido de 2 mil a até 1 mil MW. "Essa é a caracteristica da bacia amazônica", afirmou Francisco José Arteiro, diretor de planejamento e programação de operação do ONS. Até 2017, estima o ONS, a matriz energética brasileira deverá se expandir, somente na fonte hidráulica, em 17.974 MW sendo que deste volume, 17.294 MW, ou 96% do total está baseada em UHEs a fio d' água. Essa tendência já vem ocorrendo desde o início do século. Um levantamento do órgão apontou que de 2000 a 2017 a potência instalada crescerá 71% mas a de regularização apresentará expansão de apenas 11%. De acordo com Arteiro, essa tendência levará a relação entre a energia armazenada e a carga de energia era de 6,22 vezes e a perspectiva para 2021 é de que esse indicador será 3,35. Esse fator deverá levar, cada vez mais, o Brasil a um problema de atendimento da demanda elétrica no horário de ponta, o que leva a necessidade de termos mais centrais para atendimento da carga instantânea, principalmente em horários específicos. "O Brasil dependerá cada vez mais das térmicas como fontes de complementariedade e teremos ainda outras centrais operando na base, acrescentou Silva. Apesar dessas perspectivas, o presidente da ABCM, Fernando Luiz Zancan, lembra que o CVU determinado pelo governo pode impor dificuldades ao setor, mesmo diante da iminência do retorno das térmicas a carvão mineral aos leilões de energia nova após anos sendo apontada como uma fonte poluidora. Segundo o executivo os R$ 105 por MWh indicados pelo governo trará desafios para os empreendedores porque o prazo e o preço estão restritivos. Entre os fatores que colocam pressão sobre os investidores está a falta isonomia tributária, fiscal e de financiamento. Somente esta fonte, afirmou ele, possui 1.727 MW aptos a participar do leilão marcado para agosto desse ano. Marco Antonio Veloso, da Abragef , destacou em sua participação que as usinas flexíveis são alternativas que estariam aptas a dar a resposta ao sistema elétrico como o brasileiro ao passo que fontes intermitentes como a eólica, biomassa e as grandes UHEs avançam na matriz energética nacional. Isso porque a flexibilidade é uma necessidade do país em horários específicos quando aumenta a demanda. Segundo ele, esse tipo de usina apresentaria pronta resposta à operação quando necessária. Centrais a gás natural elevariam a confiabilidade por se tratar de uma tecnologia que atenderia os requisitos de resposta exigidos pela Aneel. O presidente do conselho de administração da Endesa, Mário Santos, avaliou que o Brasil precisará passar por uma mudança da matriz para dar segurança energética. Segundo ele, o carvão pode não ser tão rápido para atender a demanda no horpario de ponta, mas é uma fonte que pode atuar na base. "Cada vez mais precisamos de térmicas para alcançar a segurança energética e segurança elétrica", afirmou ele. (Maurício Godoi)