Tractebel se prepara para novos leilões
Tractebel vai participar de licitações de eólicas
Maior geradora privada do Brasil, a Tractebel Energia, empresa do grupo franco-belga GDF-Suez, planeja participar dos leilões de geração de energia deste ano. Dona de um portfólio de 6,9 mil megawatts (MW) de potência instalada em operação, a companhia tem planos de incluir eólicas e termelétricas a biomassa nas licitações de 2013.
"É um modelo que gostamos de fazer. Nos grandes projetos hidrelétricos participam eles . Mitigam o risco de construção e depois transferem para a Tractebel. E os outros projetos são feitos pela própria Tractebel", disse ao Valor o diretor-presidente da empresa, Manoel Zaroni.
A empresa também estuda investir em térmicas a carvão e gás natural, de carona nos planos do governo de ampliar a participação de termelétricas no parque gerador brasileiro. Nesse caso, porém, Zaroni não acredita que possa fechar algum negócio neste ano, devido à falta de oferta de gás para novas usinas e de oportunidade para térmicas a carvão.
A Tractebel também pretende colocar em operação em março a última máquina da hidrelétrica de Estreito, de 1.087 MW, no rio Tocantins, da qual detém 60% de participação. Para junho, está previsto o início de operação de cinco parques eólicos no Nordeste, sendo quatro no Ceará e um no Piauí, totalizando 145,5 MW.
Segundo Zaroni, a incorporação, pela Tractebel, da participação de 60% da GDF-Suez em Jirau foi adiada para 2014. Os motivos foram a mudança no cronograma da hidrelétrica, de 3.750 MW, no rio Madeira (RO), cuja previsão de início de operação passou de janeiro para março deste ano, e o atraso na implantação do linhão que transportará a energia da usina até Estado de São Paulo. A participação da GDF-Suez em Jirau e as cinco eólicas aumentarão em 35% o portfólio de geração da Tractebel, para 9,3 mil MW.
Nascida a partir da privatização dos ativos de geração da Eletrosul, em 1998, a Tractebel foi uma das poucas elétricas que saíram ilesas da "avalanche" que atingiu o setor elétrico no ano passado, causada principalmente pela conturbada renovação onerosa das concessões elétricas. A empresa não tem nenhum ativo cuja concessão vence nos próximos anos (os primeiros contratos vencerão apenas em 2028).
A Tractebel, que também é uma das maiores comercializadoras de energia do país, ainda foi beneficiada por tabela. Isso porque a energia das usinas que tiveram concessões renovadas foi deslocada para o mercado cativo, diminuindo a oferta de energia no ambiente livre. A empresa vende cerca de 1,7 mil MW médios no mercado livre
A companhia fechou o último trimestre de 2012 com lucro líquido de R$ 433,7 milhões, 3,6% a menos que o contabilizado em igual período de 2011. A queda, segundo a empresa, foi provocada por efeitos não recorrentes, como a constituição de provisões para perdas resultantes de efeitos de incorporação de ativos (R$ 15,7 milhões).
Já o lucro anual da companhia foi de R$ 1,499 bilhão, com alta de 3,6% em relação ao exercício anterior. Na mesma comparação, a receita cresceu 13,5% para R$ 4,912 bilhões. "Tivemos uma receita bem maior e o resultado líquido foi apenas 3,6% mais alto. Mas o resultado do ano não foi ruim. Acontece que em 2011 tivemos muitos ganhos não recorrentes, como ganhos de exportação de energia por exemplo. Não tivemos exportação em 2012. Se fosse desconsiderado esse ganho não recorrente em 2011, o nosso aumento no resultado líquido seria de 9% a 9,5%", afirmou o executivo.
(Rodrigo Polito)