Unica começa hoje nova agenda de negociações com ministros de Dilma

A presidente-executiva da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, informou que se reúne hoje com membros do governo para desenhar uma política de longo prazo para o setor sucroalcooleiro. O setor pretende atender à sinalização do governo de que agora está disposto a discutir medidas para garantir o crescimento da produção de etanol e de bioeletricidade. "Os empresários do setor que estiveram na reunião com os ministros Mantega e Lobão trouxeram a posição de que o governo concordou que são necessárias algumas regras que coloquem em marcha investimentos no setor", disse Elizabeth. As demandas específicas seguem as mesmas que vêm sendo tratadas há pelo menos um ano, como desoneração tributária e definição de uma política clara para os preços dos combustíveis no país. "De forma geral, é importante que o governo defina qual é o papel que ele quer que o etanol e a bioeletricidade exerça na matriz energética do país", diz. Sobre as medidas recém-anunciadas pelo governo de aumentar em 6% o preço da gasolina e de alterar de 20% para 25% a mistura de anidro na gasolina, Elizabeth afirmou que foram importantes para que o empresário tomasse a decisão sobre onde alocar a cana que será colhida na próxima safra, que começa oficialmente em abril. Em relatório divulgado ontem, o Barclays estima que o aumento do percentual do anidro na gasolina vai elevar em 3 bilhões de litros a demanda pelo biocombustível no país, atualmente em 8 bilhões de litros. No entanto, para o banco, a notícia não deve trazer impacto para as estimativas de aumento de ganhos das companhias sucroalcooleiras, uma vez que a medida já havia sido considerada pela instituição em suas projeções. Conforme cálculos do Barclays, o etanol representa 20% do resultado operacional antes de depreciação e amortização (Ebitda) do grupo São Martinho e 23% do Ebitda da Raízen Energia (incluindo Comgás). Outra definição sobre o mercado de etanol divulgada ontem foi a meta de uso de biocombustíveis da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês) para 2013. O órgão propôs o uso de 2,75 bilhões de galões (10,4 bilhões de litros) para biocombustíveis avançados, categoria na qual inclui-se o etanol de cana do Brasil. Em 2012, foram 2 bilhões de galões. (Fabiana Batista)