Única se diz otimista com leilão de energia nova

Presidente da entidade diz que a inserção da cogeração na matriz energética contribuirá com maior estabilidade ao negócio das usinas. A presidente executiva da Única, Elizabeth Farina se diz otimista com a participação da biomassa de forma mais intensa nos leilões de energia nova deste ano. Segundo ela, os contratos de longo prazo trazem mais estabilidade de receita e esses acordos são importantes para a previsibilidade do negócio das usinas uma vez que a bioeletricidade é um dos pilares do setor sucroenergético, ao lado do etanol e do açúcar. Esse otimismo pode ser encarado como uma forma das empresas conseguirem enquadrar seu negócio uma vez que os dois outros produtos ainda possuem preços e demanda instáveis quando comparada à geração de energia elétrica vendida por meio de PPAs com distribuidoras. Farina destaca que entre os pontos positivos da bioeletricidade está a proximidade com o centro de carga e que reduz os custos com a transmissão da energia ao consumidor final e a sua complementaridade com a geração hidrelétrica, pois a safra ocorre em um momento em que as chuvas cessam no país, o que ajudaria a resguardar os reservatórios, cada vez mais pressionados com o aumento da demanda por eletricidade. "Estamos otimistas porque vemos a perspectiva de mudanças com a entrada da biomassa de forma mais intensa na matriz energética nacional", disse ela. De acordo com a representante da indústria sucroalcooleira, o setor precisará de cerca de 100 novas usinas para atender a demanda esperada por etanol para o ano 2020, período no qual a produção deverá dobrar. Para conseguir esse patamar, explicou ela, as empresas além de investir deverão buscar maior eficiência operacional e redução de custos para manter a usina competitiva ante o cenário global. Atualmente, reconheceu ela, há muitas usinas que estão ainda endividadas e muitas centrais de produção fecharam as portas. Segundo seu balanço, nas ultimas quatro ou cinco safras foram cerca de 40 usinas que encerraram suas operações e a expectativa é de que mais dez sigam pelo mesmo caminho. Somadas suas capacidades instaladas, representam 46 milhões de toneladas de moagem. Contudo, no caminho contrário, lembrou Farina, foram abertas outras usinas mais modernas e que agregaram capacidade de moer 120 milhões de toneladas de cana de açúcar. Ela diz que somente isso não é o suficiente para a expansão do setor, destaca que é preciso que o governo dê sinais importantes em termos de políticas de preços de combustíveis e de inserção da biomassa na matriz energética no longo prazo para que o segmento continue crescendo. (Maurício Godoi)