CEOs querem modernização do setor

Executivos aprovam preço horário, mas querem solução para problemas já existentes

PEDRO AURÉLIO TEIXEIRA, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE SÃO PAULO

Os CEOs de vários players do setor se declararam favoráveis a modernização do setor elétrico. Em painel sobre o alinhamento da matriz brasileira com as tendências mundiais de geração realizado nesta quarta-feira, 29 de maio, no Energy Solutions Show, em São Paulo, o tom foi de aval para mudanças como a implantação do preço horário e aprimoramento de leilões.

Para Carlos Gros, presidente da Brookfield Renováveis, a modernização precisa ser tocada. Porém, ele alerta que também é preciso que se resolvam os problemas do passado, com o MRE. Ele também se colocou a favor do preço horário, o que ele classificou como inexorável pelas características da matriz brasileira. “Não vejo como operar um sistema com flutuação tão grande com preço semanal”, avisa. O executivo também se mostrou preocupado com a entrada de usinas solares no leilão A-6. Para ele, há o risco de se repetir casos em que arriscaram baseados no longo tempo de execução do projeto e por alguma razão não conseguiram executá-los, trazendo desequilíbrio.

A queda nos preços dos equipamentos, movimento observado principalmente nas renováveis nos últimos anos, deve continuar com força nos próximos anos. De acordo com Armando Juliani, diretor executivo de Gas & Power, Serviços e EPC da Siemens, houve queda nos preços de usinas e EPCs. “Os preços vão cair mais, quem determina o preço é o mercado”, afirma. Ele cita aspectos como o aumento na base de aerogeradores instalados e a reforma trabalhista como formadores da queda no EPC e nos equipamentos.

Juliani também vê boas perspectivas para o gás no Brasil. Ele considera o país com um caso sui generis no mundo, já que a tendência mundial é de retração no consumo de gás e por aqui é o oposto. A intensa contratação de renováveis também favorece o insumo. Para ele, a digitalização do setor é irreversível, principalmente no Nordeste devido ao balanceamento da geração.

Ítalo Freitas, presidente da AES Tietê, também quer a modernização do setor, porém pede atenção com as particularidades do sistema brasileiro. Para ele, a matriz do Brasil no futuro será como a do Nordeste. Na região, a fonte hídrica sempre predominou com as usinas do rio São Francisco. Mas hoje, com o rio com níveis baixos, é sustentada pelas fontes eólica e solar, que entraram com força. Ele também se mostrou a favor do preço horário, mas alerta para o período de transição. “Gostaria que o preço horário entrasse em 2020”, observa.

As usinas híbridas, que devem entrar em audiência pública na Agência Nacional de Energia Elétrica, estão na pauta da Votorantim Energia. Fabio Zanfelice, CEO da empresa, revelou que a empresa tem projetos na área e aguarda as regras para começar a viabilizá-los. “Temos trabalhado por projetos que se combinam e que poderiam auxiliar na operação” relata. O executivo também quer a modernização, mas é mais um a pedir que se resolvam os problemas do passado, como a revisão das garantias físicas e o GSF. “Não podemos perder o processo de modernização, mas é preciso resolver o que já tem”, conclui.