Entidades comemoraram a publicação de Portaria no. 17 e indicam que o setor pode ajudar com mais 3 pontos porcentuais em economia dos reservatórios, chegando a 18% no submercado Sudeste/Centro-Oeste
MAURÍCIO GODOI, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE SÃO PAULO (SP) COMPARTILHAR IMPRIMIR ADICIONAR A FAVORITOS
O setor de cogeração poderá entregar algo como 4.561 GWh de energia ao longo da vigência da Portaria nº 17, que veio publicada nesta sexta-feira, 23 de julho, no Diário Oficial da União. Com esse volume os cálculos apontam que a fonte poderá ajudar no processo de replecionamento dos reservatórios em até 3 pontos porcentuais adicionados aos já tradicionais 15 pontos que a geração ordinária das usinas a biomassa proporcionam anualmente.
Em 2021, a geração excedente adicional deverá representar pouco mais de 1 mil GWh a mais no sistema originado dessas usinas. Em 2022 é que está o maior volume com mais de 3.500 GWh. Esses dados foram compilados pela Unica, a União da Indústria da Cana e do Açúcar, e corroboram as informações da Cogen que aponta esse mesmo nível de grandeza de geração de energia adicional que a portaria proporcionará. Ambas as associações comemoraram a edição da medida que estava sendo esperada.
Segundo o gerente de Bioeletricidade da Unica, Zilmar Souza, o maior volume será adicionado à rede a partir de 2022 porque a safra deste ano já está em estágio avançado. no ano que vem é que há o grande volume de energia que poderá ser injetado. “Esse volume ajudará a replecionar os reservatórios do mercado Sudeste/ Centro-Oeste em 3 pontos porcentuais, além dos já conhecidos 15 pontos. Ou seja, a fonte responderá pela economia de 18% no uso do armazenamento”, calcula ele.
Souza acredita que a regulamentação que deverá vir da CCEE e do ONS deverá ser feita de forma rápida para que o setor possa se organizar e ofertar de forma mais rápida possível a capacidade excedente. Essa energia deverá vir de usinas que não usam toda a sua potência instalada. Além disso, deverá haver um aumento da injeção de energia por meio de um uso combinado entre a biomassa disponível e mais material como cavaco de madeira que eleva a geração entre 5% a 10% nas caldeiras tradicionais. Além disso, comenta que a questão ainda é de que as empresas precisam de planejamento com o objetivo de comprar mais combustível para suas operações.
Leonardo Caio Filho, diretor de Tecnologia e de Regulação da Cogen, destaca ainda que a portaria é positiva para o setor ao incluir ainda as usinas a cogeração movidas a gás natural. “Esse foi um pedido dos associados e que o governo atendeu”, diz. “Esse segmento tem cerca de 3,1 GW em potência instalada e são usinas que estão no centro de carga, pulverizadas pelas cidades, o que traz vantagens para a sua operação”, comenta.
Apesar de não terem uma estimativa de quanto poderá ser ofertado dessa modalidade, o representante da Cogen destaca que o volume deve ser elevado. Segundo ele, a maior parte dessa capacidade está ociosa e, portanto, a depender das condições, pode ter um volume elevado de energia injetada nos centros de carga.
Os preços para essa energia deverão ser mais elevados porque o custo do insumo é mais alto apesar de não terem CVU atribuído pela Aneel. Mas mesmo assim, a expectativa é de que os valores não sejam próximos do que se paga, por exemplo, para usinas a gás natural como a UTE Wiliam Arjona que está em R$ 1.741, de acordo com despacho da agência reguladora. “Devemos esperar como será a precificação, mas as usinas térmicas de cogeração estão acima do valor de referência específico”, comentou ele.
O único ponto que a Cogen discordou da portaria foi o fato de que o aumento da geração dessas usinas não poderão entrar para fins de revisão de garantia física após o período da portaria.