Luz no fim do túnel

Correio Braziliense - Economia - 23/04/2017

Essencial no mundo moderno, a eletricidade e toda a indústria que a cerca, com fornecimento de equipamentos e produtos, não sentiram a crise com a mesma intensidade que outros setores. O presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Alexei Vivan, explica que o mercado sofre com menor consumo e por conta do preço da energia. “No entanto, é um bem indispensável. Com crise ou sem, não dá para prescindir”, resume.

Atrelada à energia, há toda uma indústria de metais, máquinas e equipamentos. O setor de cogeração é um dos que mais cresce, diz o presidente da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), Newton Duarte. “É uma alternativa à crise hídrica. Se não fosse o reforço da geração distribuída, os reservatórios de água estariam com apenas 27% da capacidade.”

A necessidade da indústria de buscar geração própria para reduzir custos ajuda o crescimento no setor, diz Duarte. “Só a cogeração à base de bagaço de cana-de-açúcar tem potencial de gerar 10 gigawatts, ou 58% de Itaipu. E a micro e a minigeração distribuída, no âmbito solar, cresce 15% ao mês”, afirma. O país tem 10 mil painéis fotovoltaicos de residências, comércios e indústrias ligados ao Sistema Interligado Nacional (SIN). “A cada mês, são 1,5 mil ligações novas. Isso movimenta a indústria de placas solares e toda a cadeia.”

Uma das maiores metalúrgicas de cobre do país, a Cecil, cresce na esteira da eletricidade. O presidente da empresa, Miguel Ângelo de Carvalho, conta que investiu R$ 6 milhões, nos últimos dois anos, na ampliação da fábrica, em Itapevi (SP), que hoje produz mais de 200 toneladas mensais de arames de cobre.

“Dobramos a participação no mercado doméstico, para 40%. E vamos investir em exportações, por enquanto limitadas aos países vizinhos”, ressalta Carvalho. O segredo para sobreviver à crise foi chegar até ela sem dívidas. “O setor é de capital intensivo, a matéria-prima básica custa US$ 6,5 mil por tonelada. É preciso ter capital de giro. Nossa estratégia de mercado, aliada a uma postura conservadora, nos permitiu crescer 5% no ano passado.” (SK)