Brasil Energia - 09/11/2017
Agregando também expansão prevista no PDE 2026, Cogen estima que oferta de bioeletricidade chegaria perto de 20 mil MW em 2030
Caso seja implantado na forma como está planejado hoje, o programa Renovabio não só vai alavancar a produção de combustíveis renováveis no Brasil, com destaque para o etanol, como também irá contribuir significativamente para a expansão da cogeração com biomassa de cana. Pelo menos é o que aponta estimativa da Associação da Indústria da Cogeraçãode Energia, divulgada esta semana.
Ainda subaproveitada, devido às regras do setor que desestimulam investimentos maiores na expansão da oferta ao sistema, a produção de energia em usinas de cana vem, ao longo dos últimos anos, possibilitando preservar o armazenamento nas hidrelétricas. Isso tem evitado um uso mais intensivo de termoelétricas movidas a combustíveis fósseis, altamente poluentes, e mais demandadas em épocas de estiagem prolongada como agora.
Em 2016, para se ter uma ideia, a bioeletricidade permitiu manter 15% a mais de água nos reservatórios das hidrelétricas da região Sudeste/Centro-Oeste, lembra Leonardo Caio Filho, diretor de Tecnologia e Regulação da Cogen.
Das 378 usinas de cana em operação no Brasil, explica o especialista, somente 166 tem condições de injetar excedentes de energia no SIN. A capacidade instalada atual desse parque exportador estaria em 13 mil MW – pouco mais que uma usina do porte de Belo Monte (PA-11.233 MW) -, conforme dados da mais recente versão do Plano Decenal de Energia, o PDE 2026. A projeção apresentada no cenário de ereferência do estudo, realizado pela EPE, é de mais 3,9 mil MW, elevando a potencial do parque para 16,9 mil MW.
Aí é que se encaixa o raciocínio da Cogen em relação às expectativas promissoras do Renovabio, explica Leonardo Caio. Porque para chegar a 2030 com uma capacidade de oferta de etanol da ordem de 52 bilhões de litros, o dobro da produção atual, será necessário o plantio de mais 220 milhões de toneladas de cana por safra que, se forem devidamente aproveitados para a geração de bioeletricidade, podem acrescentar mais 4 mil MW, perfazendo, portanto, um potencial de 19,9 mil MW daqui a 13 anos.
Em parceria com outros agentes do setor, a entidade se movimenta junto ao MME, Aneel e EPE, no sentido de tentar obter condições regulatórias mais favoráveis ao crescimento da cogeração com biomassa, em suas diversas categorias. Entre os aprimoramentos buscados, como forma de incentivo, figura uma remuneração mais adequada a quem se dispõe a produzir bioeletridade, levando em conta todas as externalidades positivas que traz ao sistema elétrico nacional.