Usinas defendem ampliar geração de biomassa no SIN - Brasil Energia

Usinas defendem ampliar geração de biomassa no SIN - Brasil Energia


Brasil Energia - 07/03/2019
 

Proposta apresentada ao governo seria uma forma de contribuir para evitar despacho térmico fora da ordem de mérito

O setor sucroenergético pretende ampliar a geração atual das usinas à biomassa de cana em até 30% ainda neste ano. Para isso, vem conversando com o governo para viabilizar a iniciativa. O último encontro ocorreu na semana passada com o secretário de planejamento energético do MME, Reive de Barros, e representantes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), quando apresentaram duas propostas para permitir o aumento da geração pelas usinas à biomassa.

A primeira proposta é a obtenção de uma garantia física adicional com validade até 31 de dezembro de 2021, para usinas não-despachadas centralizadamente. Essa garantia adicional, no caso do setor de biomassa de cana, equivaleria no total à geração mensal das usinas, adicionando ao sistema mais 6.400 GWh, ou 700 MWm, o equivalente a 30% do total de 21,6 TWh exportado ao Sistema Interligado Nacional (SIN) pelas usinas em 2018. A capacidade instalada atual do setor é de 11.500 MW.

Atualmente, o setor evita ultrapassar a geração para além da sua garantia física de energia (GFE), porque o excedente precisa ser comercializado no mercado de curto prazo, onde apenas as usinas à biomassa têm por volta de R$ 500 milhões retidos em crédito na CCEE por conta da inadimplência causada pelas liminares do risco hidrológico.

Segundo Zilmar de Souza, gerente de bioeletricidade da Unica, a expectativa é o pleito ser atendido até o início da safra do Centro-Sul, que começa em 1º de abril, para permitir a entrada da energia extra no SIN já neste ano, cuja previsão, aliás, é de operação cara durante o período seco. “É uma oportunidade para evitar parte do despacho térmico fora da ordem de mérito, que vai afetar em muito as bandeiras tarifárias”, observa. “Isso sem falar que a entrada dessa energia a mais gerada pelas usinas à biomassa teria o poder de reduzir o PLD, minimizando os efeitos do risco hidrológico.”

A proposta do montante de GFE adicional seria limitado a 30% da geração verificada média do empreendimento entre 1º de julho do anto anterior e 31 de maio do ano de solicitação.

De acordo com Souza, a proposta de agora é diferente da outra apresentada anteriormente ao então secretário Eduardo Azevedo – que se dispôs a implementá-la no fim do ano passado, mas não ocorreu – por estender o pleito a todas usinas não despachadas centralizadamente, caso de eólicas por exemplo. “A justificativa para não termos sido atendidos foi para evitar excepcionalidade ao setor, tentamos corrigir isso agora”, explica Souza.

Já a segunda proposta é a criação de um leilão de energia de reserva para fontes não despachadas centralizadamente, com contratos de médio prazo, de três a quatro anos. A solução tem a ver com a característica desse tipo de leilão, que permite garantia física por aumento de combustível nas usinas, ao contrário dos leilões de energia nova, vinculados à implantação de novas turbinas.

Na proposta entregue ao atual secretário, a proposta é denominada como “leilão de reserva do bem”. A alcunha é explicada no documento por proporcionar ao setor elétrico “geração centrada no período, segurança no fornecimento, redução no custo de operação do sistema, contratos de médio prazo, garantindo o suprimento com energia renovável e sustentável”. Além disso, para a Unica e a Cogen, o leilão de reserva estimularia o setor de biomassa por conta do aproveitamento da palha e da biomassa de terceiros.