Rebaixamento do país não impactará em leilão de reserva, diz EPE Certame terá recalibragem do preço-teto para abarcar as condições macroeconômicas atuais

O rebaixamento da nota do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor's não deverá impactar no próximo leilão de energia de reserva, voltado para eólica e solar, marcado para 13 de novembro. A avaliação foi feita na última quinta-feira, 10 de setembro, pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, que participou de audiência da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado, realizada na sede da estatal, no centro do Rio de Janeiro.

“Acho que o rebaixamento não afeta em nada esse leilão. Com o número de participantes, o sucesso já está garantido. Não tenho nenhum receio de ter algum problema. Esse rebaixamento não afeta absolutamente nada”, afirmou Tolmasquim.

Segundo ele, só deverá ser calibrado o preço-teto, mas sem relação com a decisão da Standard & Poor's. “O que a gente vai calibrar é o preço-teto, mas não por causa da agência. Faremos por conta de outros fatores. Em função de questões com o nível de financiamento e a taxa do BNDES e o valor do dólar”. A questão cambial poderá impactar no leilão, porque parte dos componentes dos painéis solares e dos aerogeradores ainda é importada e tem o preço vinculado ao valor do dólar. “A célula é importada. O aerogerador tem 35% a 40% de peças importadas.”

O debate com especialistas na área energética foi conduzido pelo senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), relator do Plano Nacional de Recursos Hídricos. O parlamentar demonstrou interesse na busca de maneiras de impulsionar a energia solar no país, que poderá chegar, nos próximos anos, a 4% da matriz energética nacional. Bezerra alertou para a necessidade de não se promover cortes orçamentários na área energética, como parte do ajuste fiscal do governo, a fim de evitar possíveis prejuízos em investimentos futuros na infraestrutura do setor.

“O que se vivenciou em 2001, com o racionamento que o país teve de enfrentar, foi fruto da falta de investimento e novamente agora, que o Brasil enfrenta uma grave crise fiscal, se alerta para que não se diminuam os investimentos de capacidade instalada e de expansão de linhas de transmissão, de modo que possamos afastar por completo a ameaça de racionamento”, disse o senador.

O segundo leilão de energia de reserva do governo brasileiro terá 1.379 projetos, sendo 730 empreendimentos de energia eólica e 649 de energia solar fotovoltáica. O total oferecido é de 38.917 MW em capacidade instalada. O estado campeão nesses segmentos energéticos é a Bahia, com 243 projetos de energia eólica e 192 para solar, totalizando 12.099 MW. A segunda posição é do Rio Grande do Norte, com 184 projetos eólicos e 97 de energia solar, com total de 7.648 MW. Em terceiro lugar, aparece o Piauí, com total de 4.242 MW. O Ceará é o quarto colocado, com 3.324 MW.